por Luís César Ebraico
O diálogo que abordaremos neste capítulo foi estabelecido por um órgão de pesquisa estabelece com seu universo pesquisado. Vejamos. Segundo matéria publicada em um de nossos hebdomadários, um certo canal Nickelodeon fez uma pesquisa com 2.800 crianças entre 8 e 15 anos, em treze países. O resultado surpreendeu os pesquisadores: entre as crianças das treze nacionalidades, o LUGAR DE MAIS ESTRESSADAS COUBE ÀS BRASILEIRAS! Ficou assim a pontuação (quanto mais pontos, maior o nível de estresse):
1) Brasileiras – 7
2) Japonesas – 6,4
3) Alemãs – 6
4) Chinesas – 5,9
5) Francesas – 5,9
6) Americanas – 5,8
7) Argentinas – 5,7
8) Suecas – 5,6
9) Dinamarquesas – 5,4
10) Inglesas – 5,3
11) Sul-Africanas – 5
12) Indianas – 4,6
13) Indonésias – 4,3
Verificou-se que nossas crianças têm mais medo do terrorismo do que as americanas, se preocupam mais com a AIDS do que as da África do Sul, angustiam-se mais com a intimidação de colegas do que as inglesas, têm mais medo de falhar no ingresso às faculdades do que as japonesas, e temem mais a gripe do frango do que as chinesas, cujo país é assolado por esse mal.
Enfim, as crianças brasileiras estão ENTRE AS MAIS ESTRESSADAS DO MUNDO!
E por quê?
Qualquer loganalista (psicanalista) reconhece que o fator causal desse exagerado estresse está exposto na matéria, mas sem ser reconhecido como essencial e arrolado entre outros, não causais, mas meros derivados daquele. E que fator é esse? A FALTA DE DIÁLOGO com os pais. E por que, no Brasil, essa falta de diálogo é maior? A resposta também se encontra – mais uma vez insuficientemente valorizada – na reportagem em questão. Segundo ela, as crianças brasileiras “ganham de lavada ainda num item curioso. Só 20% das crianças inglesas e 50% das chinesas, por exemplo, acham que fazer os pais felizes está entre suas incumbências. Mas essa é uma expectativa partilhada por 95% das brasileiras, em mais um desdobramento do medo e da impotência que elas têm nos gestos dos adultos. Não é de admirar, portanto, que APENAS 16% DELAS OPTEM POR CONVERSAR COM SEUS PAIS quando estão aflitas, uma média MUITO INFERIOR à dos outros pesquisados.”
Em suma, empregando expressões que introduzimos em texto anterior (clique aqui), podemos afirmar que as crianças brasileiras são as mais estressadas do mundo, porque, embora seu “ambiente de ocorrência” – nível dos FATOS – possa, sob muitos aspectos, ser melhor do que o das americanas, sul-africanas, inglesas, japonesas e chinesas, seu AMBIENTE DE PROCESSAMENTO – nível da REPRESENTAÇÃO VERBAL dos fatos – é pior do que o de todas as demais.