por Karina Simões
Todo relacionamento deveria ter como base o amor, e é maravilhoso tê-lo e senti-lo numa relação. Porém, esse sentimento não é o suficiente num relacionamento. É como se ele fosse o técnico de um jogo, mas não põe o time para jogar sozinho. Por quê? Porque o amor requer outros parceiros na relação para que o time entre em campo e saiba jogar de uma forma em que ambos ganhem.
Assim, costumo dizer muito aos casais na clínica, que um casamento é mais que um jogo, e sim uma parceria a dois. Se não conseguirmos enxergar o outro ao lado como parceiro, mas sim como adversário, uma relação de disputa estará sempre estabelecida. E o que mais ensino aos casais é que a disputa entre eles é o começo do fim. Assim, não basta amar; é necessário falar sobre o ato de amar com o outro.
O silêncio da indiferença a dois é muito pior que uma briga. Engana-se quem pensa que as “DRs” (discutir a relação) servem para resolver problemas. Porque discutir problemas serve para reuniões, jogos, disputas, estratégias empresariais etc. O que devemos aprender a executar a dois, é criar um sentimento de ligação, estabelecer um vínculo afetivo para se sentir ouvido pelo outro, sentir-se amado, pedir garantias, desfazer fantasias e crenças disfuncionais – negativas.
Muitos casais se perdem com o tempo pela dificuldade em lidar com as diferenças estereotipadas entre o amor e a paixão. Sêneca, filósofo romano da escola dos estoicos, nos ensinou que devemos aprender a misturar e alternar a solidão e o encontro. A solidão nos dá o desejo do convívio social, e o encontro, o desejo de nós mesmos. Um completa a falta do outro, percebe? É assim com o amor e a paixão. O amor é uma interseção, e a paixão constitui-se uma fusão. Ambos necessários.
Palavras mal colocadas distanciam o par
Ter cuidado com as palavras no relacionamento é um passo fundamental para a longevidade afetiva saudável do casal. Pois da mesma forma que palavras afetivas constroem alicerces, algumas palavras mal colocadas e disfuncionais podem aumentar o muro da distância entre os casais quando usadas como armas de ataques com o objetivo, muitas vezes, gratuito, de apenas ferir.
Assim, lembre-se que o amor no relacionamento estará sempre ligado a três: ele (ela), o outro e a palavra. Um trio que deverá sempre ser cuidado para que não vire uma arma fatal na relação. Pois, em mais de 15 anos atendendo a casais, posso afirmar que a primeira arma utilizada no casamento quando começa a desandar, são as palavras mal usadas, que ferem, machucam, deixam marcas, muitas vezes, irrecuperáveis. Há magia nas palavras, como disse certa vez em “O Lutador” de Carlos Drummond de Andrade: “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco.”
Não é quando o amor acaba que uma relação chega ao fim… Mas quando acabam as palavras entre eles! No entanto, nem todo silêncio significa falta de palavras, muitas vezes, o silêncio também é a resposta da sabedoria.