por Karina Simões
A sociedade anteriormente "massacrava" e condenava a mulher divorciada e hoje essa mulher que se separa já é vista com mais aceitação e com uma melhor imagem pela sociedade. Hoje essa mulher tem mais apoio social e até condições de aceitação para uma restauração afetiva posterior com outro parceiro.
O divórcio traz grandes modificações como perda financeira por conta da partilha, até a indisposição de frequentar determinados lugares dos tempos de solteira para encontrar parceiros.
Outro ponto de modificação que encontramos, é a família que cresceu com filhos e até netos, e tudo isso faz com que haja dificuldades e ausências de oportunidades para que os relacionamentos aconteçam no mesmo tempo de juventude. Os tempos de espera e de vida são diferentes nessa fase da mulher. As prioridades mudam, diferente das prioridades vividas quando jovens. Outras dificuldade que observamos na prática clínica em consultório com casais e mulheres, é a dificuldade do desfazimento por conveniências sociais ou entrelaçamentos financeiros. A dependência financeira de um dos cônjuges faz com que seja uma das principais dificuldades dos casais em enfrentar términos. E muitas mulheres se percebem "reféns" da relação.
Devemos considerar alguns aspectos importantes: a figura do homem está atrelada à sensação de finitude, onde o homem parece estar sempre comprovando a sua condição de masculinidade. Numa sociedade onde se valoriza o belo, a estética e a jovialidade: o homem é valorizado por estar acompanhado por uma mulher mais jovem. Já a mulher, traz sempre uma realidade atrelada a ela do cuidado. Ou seja, até porque, a mulher e o feminino, trazem como marca um termômetro da maternagem. A condição feminina materna interfere diretamente na relação conjugal; pois a mulher, geralmente, tende a ter sempre o cuidado como o manejo principal da relação.
Não há fórmulas para um relacionamento feliz e com longevidade. Mas há alguns questionamentos individuais que trabalhamos na clínica com casais e mulheres que nos procuram, onde fazemos com que eles reflitam: o casamento feliz é medido entre a relação de cumplicidade verdadeira e o respeito mútuo entre o casal. A verdade sobre o sentimento é sempre fundamental no caminho a ser percorrido a dois.
Compreender que o casamento não é estabelecido como uma disputa entre os parceiros é outra reflexão que se deve ter na caminhada a dois; pois percebemos que muitos casais estabelecem uma relação de rivalidade, ou seja, uma disputa muitas vezes de "poder", e com isso começa a desconstrução dessa relação, que muitas vezes ocorrerá após um tempo de casamento. Assim, sentir-se parceiro (a) e ter sempre em mente a verdade de viver uma cumplicidade, é o caminho a ser percorrido a dois!