por Ângelo Medina
Nesta entrevista exclusiva ao Vya Estelar, a rockeira Rita Lee, revela o que espera do terceiro milênio, fala como criou '3001' – uma canção espacial. A cantora mostra seu lado místico, fala sobre mulheres siliconadas e o poder, conta a primeira coisa que faz ao acordar, comenta sobre suas experiências com drogas e, num bate-bola, revela seus gostos e preferências. Veja o perfil astrológico da compositora.
Vya Estelar – De onde veio a inspiração para você escrever 3001?
Rita Lee – Estou decepcionada com o terceiro milênio afinal, se dependesse da minha imaginação de 30 anos atrás, eu já estaria em plena era Jetsons, passando minhas férias em Vênus… Eis me aqui, ainda testemunhando guerras, fomes, injustiças e violências pelos quatro cantos do mundo…
O Tom e a ideia
Conversando com Tom Zé, que também foi meu parceiro na música 2001, pensamos em projetar nosso "astronauta libertado" para o quarto milênio e assim surgiu a idéia do 3001… A letra do Tom Zé é mitológica, conta o êxodo da Terra e da Lua orbitando num outro sistema solar, quando a luz do nosso velho Sol já estaria enfraquecida, motivando assim tamanha aventura espacial.
Vya Estelar – Você é uma aficionada em astrologia? Já que 3001 e a subseqüente 2001 citam, digamos…, movimentos planetários. Caso seja, qual é o seu conhecimento neste território?
Rita Lee – Meu conhecimento é bastante superficial nesta área, Roberto (Roberto de Carvalho: seu marido) sim é astrólogo e grande estudioso que volta e meia me oferece informações sobre o movimento da música das esferas. É com ele que fico sabendo de aspectos astrológicos mais profundos.
Vya Estelar – Por-que regravar 2001?
Rita Lee – Para comemorar o aniversário do próprio título da música.
Vya Estelar – Em Pagu você fala "o meu peito não é de silicone". O que você acha dessa onda da mulherada está dando up grade no peito e na bunda?
Rita Lee – Pagu é uma homenagem a Patrícia Galvão, uma brasileira bonita e gostosa, ativista política e grande artista, ou seja, uma legítima representante do belo talento pensante feminino, que faz falta para equilibrar com o talento rebolante atual. Não tenho nada contra peitos e bundas siliconados, até acho conveniente o patriarcado prestar mais atenção nisso, enquanto as mulheres porretas do país, trabalham em silêncio e tomam o poder, hehehe…
Vya Estelar – Na capa da Isto É/Gente você fala que é bom ser careta. O que é, na prática, essa vida anticareta e antijunkie?
Rita Lee – Quando um filme se torna repetitivo e você já está cansado de conhecer o final da história, o jeito é "alugar" um outro filme para mudar o cenário e aprender coisas mais interessantes. Larguei das drogas por este motivo, já nem faziam mais efeito. Hoje para mim ser careta é muito louco, uma experiência que pretendo continuar até o fim da vida. Não carrego discursos arrependidos, nem moralistas com relação às drogas. Sou uma enciclopédia ambulante sobre o assunto e presto consultoria para uma juventude curiosa e sedenta por informações honestas e coerentes.
Vya Estelar – Você tem um lado místico ou esotérico? Qual é a sua relação com o autoconhecimento? Já pensou em fazer Numerologia, mapa astral ou coisas do gênero? Caso tenha feito o que eu achou da experiência?
Rita Lee – Sou uma eterna aprendiz da feitiçaria divina, gosto de me informar sobre todos esses assuntos que você mencionou. Aprecio a essência de todas as religiões, mas não pertenço a nenhuma igreja ou seita. Sou uma meditante não tão disciplinada como gostaria. Geralmente faço minhas orações quando acordo e quando vou dormir, minha porta permanece aberta para receber informações e experimentar rituais, não tenho gurus nem ídolos, sigo o caminho do meio, procuro trocar figurinhas esotéricas com quem não é fanático.
Vya Estelar – Faz algum rito ou ritual antes de entrar no palco?
Rita Lee – Faço, mas prefiro não falar o que, hehehe…
Ritual inconsciente
Vya Estelar – Você possui alguma superstição?
Rita Lee – Não sei se é superstição ou se já tornou um ritual inconsciente, mas sempre coloco meu pé direito no chão quando acordo.
Vya Estelar – Você realmente curte Internet? Como é a sua relação com a Web, quanto tempo fica conectada?O que você mais curte na internet?
Rita Lee – Já fiquei plugada bem mais tempo do que fico hoje, para não me dar insônia. Uma das coisas que mais gosto é dormir e sonhar, se fico muitas horas na frente do computador, isto afeta direto minha performance onírica, mas que eu gosto pra caramba de ficar na frente desta telinha simpática eu gosto!
Vya Estelar – Quais são os seus próximos projetos?
Rita Lee – Até o meio do ano que vem estou na estrada com a turnê 3001, nossa agenda está repleta e pouco vai me sobrar tempo para fazer outras atividades alternativas. Mesmo assim, continuo engrossando o front, dos defensores dos direitos dos animais, fazendo pressão nos poderosos de Brasilia, para que pelo menos a Lei dos Crimes Ambientais seja fiscalizada.
Vya Estelar – Como você avalia o pop rock Brasil atual? Curte alguma ou algumas bandas?
Rita Lee – O Brasil é um celeiro de talentos e como sempre aconteceu, há os talentosos porretas e os talentosos da chatisse. Atualmente, estou gostando muito dos trabalhos da ala feminina das band leaders/cantoras/compositoras como Zelia Duncan, Cássia Eller, Fernanda Takai, Marisa Monte, Marina Lima, Ana Carolina, Fernanda Abreu, Adriana Calcanhoto, Cris Braun e tantas outras.
Bate-bola
Religião: Todas.
Perfil Astrológico: Sol em Capricórnio, Ascendente Aquário e Lua em Virgem.
Segundo a astróloga Maria Eugênia, autora do livro Céu da Semana, ED. Campus, pela leitura dos astros, pouca gente conhece o lado secreto de Rita Lee, talvez cinco ou seis pessoas no máximo. Para Maria Eugênia, a cantora possui um lado misterioso de pessoas que meditam e sonham acordadas. Por ter a Lua em Virgem possui um espírito de ordem e de limpeza, além de ser super profissional no trabalho.
Lazer favorito: ficar em casa cuidando dos meus bichos e plantas.
Um grande disco: qualquer um de Carmen Miranda.
Uma superbanda: Rolling Stones.
Um prazer: música.
Um prato: salada verde mista.
Uma bebida: suco de laranja lima.
Uma esperança: que a raça humana dê certo.