Verbete explicado a partir do e-mail enviado por uma leitora:
“Na verdade é um desabafo. Sou casada há 23 anos e estou no meu segundo casamento. Meu marido é um homem bom, criou meu filho com muito amor. Não me falta nada. Porém, ele paquera mulheres na minha frente. Não saímos mais. Vivemos em casa. E quando acontece de sairmos, ele fica paquerando qualquer mulher. Estou muito triste, pois da última vez ele chegou a pedir o telefone dela. Fez sinal e tudo. Estou arrasada. Quero me separar e não tenho forças. Outras pessoas da minha família já perceberam, pois não dá para esconder uma coisa dessas por 23 anos. Antes eu achava que era eu a errada. Me ajudem. Gosto dele, mas hoje não sei se devo manter uma relação dessas.”
Por Anette Lewin
Quando você começa seu e-mail com “Na verdade é um desabafo”, parece que está dizendo que escrever sobre sua frustração frente às paqueras de seu marido é uma tentativa de se sentir mais aliviada. Não parece que você está muito preparada para mudanças radicais como uma separação.
Provavelmente, você já se acostumou a viver assim: comentando seu desconforto com algumas pessoas, inclusive com pessoas da sua família, e deixando tudo seguir como sempre foi.
Provavelmente, ele não vai mudar. Acredito que depois de tanto tempo, você sabe muito bem disso. Paquerar outras mulheres sem sequer disfarçar é um comportamento dele que já faz parte da vida de vocês. E que você aceitou, ou pelo menos fez de conta que aceitou, por muito tempo.
Bem, e agora?
Está menos aceitável do que nesse tempo todo? Por quê? Você ainda acha que é culpada pelas atitudes dele? Já conversaram a esse respeito?
Reflita melhor sobre o que você pode fazer para se sentir melhor. Sim, você pode se separar, mas não é o que quer. Sim, você pode continuar com ele, como fez por 23 anos, mas vai sofrer toda vez que presenciar uma paquera dele. Parece que não existe uma solução que possa te trazer alívio. Você já pensou em tudo isso, claro. Parece que a única coisa em que você não pensou foi no que pode fazer por você mesma para se sentir uma mulher mais forte, com uma autoestima mais positiva e mais capaz de sair de situações conflituosas como a que você está há 23 anos.
Talvez você possa mudar seu foco. Ao invés de ficar sofrendo com as “diversões” de seu marido, procure as suas próprias diversões. Não, você não precisa ficar paquerando outros homens na frente dele pois, aparentemente, esse é um jogo que agrada a ele, não a você. Procure descobrir o que lhe agrada. Você diz que gosta de sair. Saia com amigas, com pessoas da sua família, com seu filho. Permita-se momentos de prazer e conforto, mesmo sem a companhia dele.
Faça um curso novo, arranje um novo trabalho, mostre a você mesma que você é capaz de estar bem na sua própria companhia. Mostre a ele que você pode ser alguém interessante, com iniciativa. Talvez isso possa até te dar coragem para se separar, caso essa seja a sua decisão final. Porque deixando tudo como está, tudo continuará igual. E você continuará infeliz.
Parece que você fez do seu marido o centro de sua vida. Está mais do que na hora de dar mais espaço a si mesma. Rever suas necessidades pessoais, entender o que restou de bom nesse casamento e preocupar-se com seus próprios objetivos. Se não conseguir iniciar esse processo sozinha, procure uma terapia. Pode ajudar bastante a dar um pontapé inicial para mudar essa situação que já se tornou crônica.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.