De A a Z: o significado do que sentimos ao amar: autoabandono

Sentimento – verbete – explicado a partir do e-mail enviado por esta leitora:  
 
“Sei que o motivo de estar agindo assim no meu casamento esta enraizado no meu interior mais profundo e provavelmente tenha vínculo com os traumas de infância. Acontece que luto constantemente tentando me livrar dessa bagagem da infância, mas é muito difícil. Atualmente, eu amo meu esposo (na minha cabeça amo), mas sou muito ciumenta, fico vigiando tudo que ela faz, aonde vai, com quem; e sempre vejo uma coisa ou outra e já brigamos: erros dele na internet, como conversas ou apps de amizade e relacionamento. Sinto como se eu estivesse deixando minha vida pra ficar cuidando da dele, mas não consigo evitar…”

Por Anette Lewin

Continua após publicidade

Você vive um processo de autoabandono que atribui a traumas de infância. Deixa de viver sua própria vida para viver e controlar a vida de seu parceiro usando o ciúme como justificativa. Ora, o ciúme exagerado tem raízes na baixa autoestima. E baixa autoestima resulta de poucas atividades bem-sucedidas que possam compor um arsenal de realizações geradoras de uma autoestima positiva. Se você não realiza, sua autoestima cai. Se sua autoestima cai, você prefere viver a vida do outro do que a sua. Pronto, está formado o círculo vicioso. Porque, afinal, se você se esquece de realizar seus projetos para controlar os projetos do seu parceiro, estará canalizando toda sua energia para algo que poderá fazê-la sentir muitas emoções, mas jamais trará a você o orgulho de ter realizado, ou pelo menos, tentado realizar projetos com a sua assinatura. E sua autoestima afundará cada vez mais. E o ciúme crescerá cada vez mais. Como consequência o autoabandono tomará uma dimensão cada vez maior.

É importante que você interrompa esse círculo vicioso e retome a posse de sua própria vida. Você mesma já percebeu isso, mas diz que não consegue mudar. Sim, esse comportamento de vigilância tornou-se compulsivo em você. Funciona como um vício do qual você tem que se livrar. E livrar-se de vícios não é fácil, mas também não é impossível.

De alguma forma você já tem consciência do seu autoabandono. O próximo passo seria agir. Mesmo que você não tenha um projeto com passos definidos, tem pelo menos um objetivo: voltar a conversar com você mesma, com suas vontades, suas necessidades, seus anseios.

Faça um esforço para mudar o foco de sua atenção. Esqueça o celular de seu parceiro e olhe para si mesma. O que você está fazendo para sentir-se bem? Sim, porque controlar seu parceiro faz você se sentir mal, não é? Procure pequenas coisas que possam ser feitas por você e para você. Não são necessários grandes projetos. Apenas um pouco de atenção e carinho com você mesma. Reconquiste-se para que possa reconquistar seu parceiro.

Continua após publicidade

Fomos feitos para cuidarmos de nós mesmos, inventar nossa própria vida e formar nossos próprios valores. Dar atenção ao outro vem depois. O autoabandono contraria essa lógica e, independentemente de suas origens, tem que ser combatido. Pessoas que gostam e cuidam de si são mais realizadas, e acredite, atraem mais atenção do que aquelas que aparentemente se entregam ao outro de forma radical. Assim, comece o mais breve possível sua aventura rumo a você mesma. Não deixe para depois. Crie bons momentos e divirta-se com eles. Esqueça a tortura de tentar controlar seu companheiro. É uma tarefa insana, deprimente e da qual você sempre sairá com a sensação de derrota.
 

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.