De A a Z o significado do que trocamos na vida a dois: explosões no casamento

Verbete explicado a partir do e-mail enviado por uma leitora:  

“Eu e o meu marido estamos juntos há quase dois anos e temos um bebê de quatro meses. Ele explode de raiva às vezes. Na última vez foi por causa do choro sem fundamento do nosso filho. Ele fica nervoso e  eu não soube o que fazer. Ele gritou, quebrou coisas, colocou a culpa em mim, quis sair com o bebê seminu no meio da madrugada. Brigou com meus pais que tentaram interferir; quis bater no meu pai, perdeu totalmente a noção! Não sei se continuar com ele é válido depois disso. Ele nunca surtou tanto assim. Já teve episódios de raiva com gritaria, mas nada além disso. Esse último caso, pra mim foi demais.”

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Por Anette Lewin

Esses estouros desmedidos de seu marido podem ter um fundo psiquiátrico ou neurológico. Então, a primeira coisa a ser feita é pedir que ele consulte um especialista, neurologista ou psiquiatra, para que seja feito um diagnóstico e, se necessário, ele seja medicado.

Muitas vezes uma depressão ou uma epilepsia podem gerar esse tipo de comportamento cuja origem é bioquímica ou funcional e não apenas psicológica.

Se nada orgânico for encontrado, ele pode ser ajudado através de uma psicoterapia, onde conversando com um profissional vai tentar identificar a origem dessas crises e mecanismos através dos quais elas podem ser controladas.

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Essas são as providências mais adequadas a serem tomadas no caso de crises descontroladas que podem criar situações desconfortáveis e até perigosas para quem as vive e quem está por perto.

Acontece que nem sempre a pessoa que tem a crise reconhece que tem problemas. Em geral, tende a culpar terceiros pelas crises e pode perder completamente a noção de realidade ou de lógica. Se isso acontecer, e a pessoa recusar-se a procurar ajuda, resta a alternativa de ter uma conversa profunda, num momento em que a pessoa está mais calma. Nem experimente justificar ou falar alguma coisa no meio da crise, pois pode sobrar para você.

Como você relata que já houve outros episódios de raiva com gritaria, tente lembrar como o episódio terminou. Ele se desculpou? Você disse alguma coisa? Deixou por isso mesmo? Sim, é importante avaliar seu comportamento e tentar entender se, mesmo involuntariamente você não está “autorizando” esse tipo de comportamento por falta de atitude ou atitudes muito permissivas. Agressões físicas, berros e comportamentos irracionais não devem ser tolerados passivamente desde a primeira vez em que se manifestam, pois do contrário, tenderão a se repetir.

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Se ainda não conversou seriamente sobre isso, converse agora. Coloque claramente os limites sobre o que não vai tolerar mais e o que pretende fazer caso esses episódios se repitam e ele não procure ajuda. E entenda que ficar perdoando infinitamente não resolve o problema.

Depois dessa conversa, a decisão é sua. Ele pode melhorar? Pode. Mas também pode repetir as agressões caso não procure ajuda. Então, se como você diz,  “esse último caso foi demais”, avalie o risco que corre e tome sua decisão de forma coerente e consistente.

Comportamentos inadequados tendem a se perpetuar se não encontrarem uma barreira pela frente. Se sua opção for correr o risco de viver em risco, assuma as consequências de sua decisão: sozinha.  Seu pai não estará presente eternamente para servir de escudo nessa briga conjugal. Muito menos seu bebê de quatro meses que, certamente, sofrerá bastante se viver num ambiente de guerra.
       
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.