Depois que entrei na menopausa fiquei com medo de viver. O que faço?

por Joel Rennó Jr.

"O que fazer quando estamos com medo da vida? Parece que qualquer hora vai surgir um problema que não vou conseguir resolver. Fiquei assim depois que entrei na menopausa. Tenho que tomar algum remédio?"

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Resposta: O medo em si é um sentimento humano absolutamente normal e universal e pode até nos proteger contra situações de risco, permitindo-nos o enfrentamento ou a reação de fuga.

O problema é quando o medo começa a ser pervasivo, invadindo a vida do indivíduo em diversas esferas, causando sofrimento intenso e prejuízo de sua funcionalidade. Algumas pessoas com medo excessivo podem evitar locais ou situações que atribuem ao desencadeamento do medo. Isso pode levar ao isolamento, abandonos de atividades profissionais ou sociais; é quando o medo toma conta da vida das pessoas e se torna um grande "tirano".

A reação de medo pode ter a ver com um mecanismo biológico, além dos aspectos evolutivos e psicológicos/sociais. As relações entre a amígdala e o hipotálamo estão intimamente ligadas às sensações de medo e raiva.

A amígdala (estrutura do sistema nervoso central) é responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo, bem como pelo reconhecimento de expressões faciais de medo e coordenação de respostas apropriadas à ameaça e ao perigo.

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A lesão da amígdala em humanos produz redução da emocionalidade e da capacidade de reconhecer o medo. Por outro lado, a estimulação da amígdala pode levar a um estado de vigilância ou atenção aumentada, ansiedade e medo. Outras regiões do cérebro – como o lobo temporal – podem estar conectadas à amígdala para a consolidação das memórias dos medos sofridos.

Medo e ansiedade podem estar inter-relacionados. Pessoas ansiosas sempre têm pensamentos catastróficos em relação a eventos negativos futuros – que na visão delas poderiam causar sérios danos ou prejuízos às pessoas de sua família ou amigos. Mães ansiosas podem, involuntariamente, proteger excessivamente seus filhos e torná-los dependentes ou inseguros.

Na perimenopausa, fase de transição que marca o fim da vida reprodutiva, em média, aos 46 anos de idade, se inicia cerca de cinco anos antes da menopausa e vai até um ano após, é o mais importante para a ocorrência de depressão; e até por questões de oscilações hormonais, há uma chance duas vezes maior de depressão e ansiedade. Portanto, alguns sintomas podem ser exacerbados ou se iniciar nesse período.

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O enfrentamento do medo pode exigir técnicas de psicoterapia cognitivo-comportamental, técnicas de relaxamento e respiração abdominal e em casos mais graves o uso de antidepressivos e ansiolíticos.

O medo pode até, em casos mais graves, ser um sintoma de alguma doença psiquiátrica como os transtornos de ansiedade (transtorno de pânico, fobias, transtornos de ansiedade generalizada) e transtornos depressivos. Quem pode avaliar a necessidade do uso de medicamentos é apenas o psiquiatra.

Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento.