Por Joel Rennó Jr.
A depressão pós-parto é um episódio depressivo de intensidade grave a moderada; costuma ocorrer durante os primeiros meses após o nascimento do bebê. Além da propensão genética, explicação para 38% dos casos, os principais fatores são as quedas abruptas hormonais no pós-parto.
Estudos demonstram prevalência aproximada de 20% para a depressão pós-parto. Outros trabalhos indicam ainda maior prevalência em populações específicas, como adolescentes.
Cerca de 60% das mulheres com depressão pós-parto já apresenta indícios na gestação, sem ser diagnosticada e devidamente tratada.
Cesarianas de emergência, estresse no cuidado com o filho, sintomas de ansiedade no pré-natal, suporte social inadequado e diabetes, também estão significativamente associados a esse quadro.
Quem enfrenta depressão pós-parto apresenta maior risco de ter descontinuação na amamentação, conflitos familiares e negligências em relação às necessidades físicas e psíquicas do filho. Isso pode acarretar danos em uma série de questões relevantes para o desenvolvimento psicológico, social e de linguagem do bebê.
A doença também pode dificultar a interpretação adequada da mãe aos comportamentos da criança, favorecendo para que esta, ao longo do tempo, torne-se isolada ou inquieta. Ou que manifeste distúrbios alimentares ou do sono ou ainda corra maior risco para contrair doenças psiquiátricas.
O tratamento varia de acordo com o nível da gravidade. Em quadros leves, muitas vezes a terapia interpessoal ou a psicoterapia comportamental e cognitiva acabam sendo as primeiras escolhas. Agora, em quadros moderados a graves, há necessidade do uso de antidepressivos, que só o psiquiatra pode indicar.
Mudanças ao redor da mulher no ambiente de convívio social e familiar ajudam no gerenciamento do nível de estresse. Afinal, muitas mães que acabaram de dar à luz podem ter vários “gatilhos estressores” em razão da privação do sono, agitação do bebê ou dificuldades na amamentação.
A depressão pós-parto pode atingir até 15% dos pais de recém-nascidos. Mas, no caso dos homens, não há uma correlação com fatores hormonais e sim com mudanças que ocorrem na dinâmica do casal, como o sentimento de exclusão e pela própria influência da depressão pós-parto da mulher.
O período logo após o nascimento do bebê é uma fase de muitas alterações e adaptações para os casais. Essa escalada de eventos, por uma depressão pós-parto não tratada, exacerba o sofrimento de ambos. Em razão disso, o ideal é sempre buscar acompanhamento profissional para as orientações necessárias.