por Thaís Petroff
Um dos primeiros aspectos trabalhados dentro da terapia cognitivo-comportamental é a verificação dos pensamentos automáticos. Aprende-se a monitorá-los: identificá-los e tomar consciência dos mesmos, bem como questionar sua validade.
Para isso, os pensamentos que nos acometem são desafiados fazendo um levantamento das evidências (provas) que o sustentem (comprovação) e das evidências que vão contra ele.
A partir disso, começa-se a ter uma ideia da validade e veracidade dos pensamentos que se tem. Percebe-se nesse contexto que muitos dos pensamentos automáticos contêm distorções cognitivas e deve-se aprender a identificá-las, de modo que o pensamento negativo distorcido que antes influenciava fortemente as emoções e comportamentos perca a credibilidade e força.
Quando uma pessoa consegue questionar seus pensamentos e dessa maneira avaliar o quanto eles são fiéis à realidade ou o quanto contêm distorções, pode então lidar com as diferentes situações de maneira mais adequada. Ou seja, ela passa a ter emoções e comportamentos mais ajustados aos eventos que vivencia.
Exemplo de uma situação
Um pessoa é convidada para a festa de aniversário de um colega de trabalho. Essa pessoa tem um autoconceito ruim, consequentemente uma baixa autoestima. Ela logo tem o pensamento automático de que somente foi convidada por educação, não por que realmente gostariam de sua presença na comemoração. Se ela não questiona o pensamento, sente e age como se ele fosse verdadeiro e desse modo, teria grande chance de não comparecer à festa. Se ela avalia a validade do pensamento fazendo um levantamento das evidências a favor desse e contra o mesmo, passa a ter uma ideia mais próxima da realidade, permitindo que tenha comportamentos mais adequados.
Caso a pessoa nesse exemplo faça o levantamento das evidências que apoiam o pensamento automático e também que vão contra o mesmo, pode concluir que seu pensamento é distorcido. Diante dessa conclusão poderá sentir-se animada para ir à festa e ter o comportamento de comparecer na mesma, o que a ajudará a efetivamente testar a validade do seu pensamento automático: se o convite foi somente por educação.
Caso conclua que não há distorção cognitiva, já que há mais evidências que sustentam o pensamento automático desafiado, pode partir para resolução de problemas. Ou seja, aceitar a realidade do momento e questionar-se sobre o que pode fazer quanto a isso, fixando seu objetivo na situação:
– exemplo: ser convidada às festas de trabalho pelo fato das pessoas gostarem dela, então teria comportamentos que a ajudariam a alcançar essa meta.