por Margareth dos Reis
"Descobri há cinco dias que o meu filho de 15 anos é bissexual. Não sei se conto ao pai dele. Estou separada há nove meses e meu ex-marido ‘odeia essas coisas’. Por favor, me ajude, estou desesperada!"
Resposta: Muita calma nessa hora! Se você não sabe o que fazer, não faça nada por enquanto.
É sempre recomendável saber onde se deseja chegar antes de tomar qualquer iniciativa para qualquer coisa na vida. Seu filho está passando por um período turbulento que é o da adolescência (por envolver transformações emocionais e comportamentais) e pela vivência de separação dos pais, que sempre exige um tempo (indeterminado) para a adaptação a uma nova rotina de vida.
Imagine, então, os sentimentos que ele deve estar experimentando em seu íntimo. Quanto à bissexualidade (atração por pessoas de ambos os sexos), cabe dizer que essa é uma das possíveis direções do desejo sexual, as outras são por pessoas do mesmo sexo como acontece na homossexualidade e por pessoas do sexo oposto na heterossexualidade.
Caso essa forma de atração do seu filho por ambos os sexos não esteja acontecendo como uma exploração sexual típica da fase adolescente, a bissexualidade dele se confirmará na vida adulta. Mas, que fique claro: a orientação afetivo-sexual se impõe. Portanto, seja qual for a orientação sexual dele na vida adulta, não será por culpa de ninguém e nem por escolha pessoal dele.
Por isso, "odiar essas coisas", como você diz ser o caso do seu ex-marido, retrata uma dificuldade comum de muitos pais (e de boa parte da sociedade ainda), em relação à diversidade sexual, seja por ignorância, preconceito ou pela sensação de ter falhado no papel de progenitores.
Procure então se tornar uma boa interlocutora para o seu filho e ajude-o a se sentir acolhido e respeitado. Enfim, se é para dividir com alguém pense bem com quem você pode fazer isto neste momento para ajudá-la de forma saudável, o que vale pensar em ajuda profissional, para se livrar do desespero e você poder conduzir bem essa situação, e com isso, todos se tornarem pessoas melhores e mais seguras (independentemente, do rumo do desejo sexual tomado por cada um nessa história).