por Patrícia Gebrim
Existe vida para além dos limites que nos são impostos pela sociedade. Fazer o que todos fazem, seguir na direção do rebanho, é fácil. Não traz grande aprendizado ou emoção, mas dá aos que caminham lado a lado a sufocada sensação de que estão acompanhados, o que basta para muitos de nós.
Se essa for a sua escolha, você precisará se conformar em aceitar e seguir as regras do grupo, aceitar em evoluir na velocidade ditada pelos passos e limitações daqueles ao seu redor.
Há muitos que escolhem esse caminho por duas razões específicas. Não sabem ficar sós e têm medo. Temem enfrentar o mundo que se estende para além do rebanho.
Não que exista mal nessa escolha. Somos livres para escolher o que quisermos e tudo possui o potencial de nos ensinar algo.
Mas há aqueles que querem mais. Querem saber o que existe no pico mais alto das montanhas, querem correr livres pela mata, querem visitar lugares ainda inexplorados, querem ver o que ninguém ainda viu.
Ouça. Não há como deixar o rebanho sem que se pague um preço por isso. Será preciso abrir mão do acolhimento, da aceitação e suposta proteção do grupo. Digo "suposta" pois, muitas vezes, é ao matadouro que o rebanho está sendo conduzido e eu te peço agora para respirar fundo e considerar isso.
Os que se desgarram são os que se libertam. Só se pode fazer isso sozinho. É preciso uma imensa força interna para se fazer algo assim. É preciso imensa coragem e ousadia.
Mas quando alguém abre suas asas e se eleva, quando paira no alto, no silêncio de sua solitude, sobre o cume das montanhas, sente-se tão pleno que o mundo inteiro cabe dentro de si. A isso chamo "amor", e não existe nada mais lindo e transformador.
O voo solitário da águia a aproxima do amor de uma maneira que ovelha nenhuma jamais seria capaz de sequer sonhar.