por Alex Botsaris
Existe um consenso entre diversas medicinas complementares, que a atuação de substâncias tóxicas no organismo humano é uma das principais causas de doença e queda de qualidade de vida. Essa preocupação com a limpeza orgânica sempre foi vista com ceticismo pela medicina moderna convencional, mas os dados mais recentes parecem demonstrar que o conhecimento tradicional, para variar, tinha razão nesse ponto também.
A quantidade de tóxicos ambientais não para de aumentar desde que o homem deflagrou a revolução tecnológica, a partir da segunda metade do século XX. Estudos recentes têm detectado todos os tipos de tóxicos em regiões mais vulneráveis como rios, regiões costeiras e periferia de grandes cidades. Existem várias centenas de substâncias com grande potencial dano à saúde incluindo metais pesados, dioxinas, defensivos agrícolas, organoclorados, conservantes, e agora até medicamentos, isolados em água superficial, no solo, em sedimentos ou em organismos que habitam os ecossistemas afetados.
O fato é que, a grande maioria dos cidadãos urbanos, está se tornando mais contaminada, por uma quantidade progressivamente maior de substâncias, com pontencial tóxico. Apesar das quantidades serem muito pequenas, já existe consenso entre vários cientistas, que é provável que essas substâncias exerçam um efeito deletério sobre a saúde das pessoas. Um dos mecanismos propostos, e já confirmado, é o da interação tóxica. Ou seja, essas substâncias podem ter capacidade de pontencializar o efeito nocivo umas das outras, resultando num problema específico de saúde. E não são poucos os problemas que suspeita-se serem causados por esse mecanismo.
O sistema onde existe mais inidicações que seja afetado pela intoxicação com tóxicos ambientais é o sistema endócrino. Muitas substâncias como os parabenos – que eram usados como conservantes em vários produtos – interferem na interação dos hormônios com seus receptores, gerando um efeito que os cientistas chamaram de disruptores endócrinos. Em geral os hormônios sexuais, os hormônios da tireoide e aqueles que controlam o metabolismo da glicose são os mais afetados por esse problema, resultando em aumento de infertilidade, doenças como endometriose, alterações da tireoide e diabetes. O sistema imunológico também é afetado, o que tem sido relacionado a um aumento da incidência de doenças autoimunes.
Vários tóxicos ambientais, como as dioxinas, interferem com aparelho de reprodução da célula, gerando mutações no DNA. Como consequência temos aumento dos casos de todos tipos de câncer. *No caso de câncer de mama na mulher, e próstata, no homem, onde o efeito disruptor endócrino também atua induzindo a doença, os números são amendrontadores: uma terrível epidemia.
Por fim há o cérebro como órgão alvo desse problema. As células cerebrais não se renovam e são muito ricas em gorduras, meio onde as substâncias tóxicas organodepositárias costumam ter mais afinidade. Segundo alguns pesquisadores isso explica o aumento dos casos de doença de Alzheimer e de outras doenças neurodegenerativas observadas nos últimos anos.
Não há comprovação científica alguma que os protocolos de desintoxicação funcionem, mas na minha impressão pessoal, assim como de alguns outros colegas, eles trazem algum benefício. Em geral as pessoas sentem uma sensação de leveza corporal que dura por algumas semanas. Isso vem acompanhado por outros sinais de bem-estar subjetivos, como melhora da concentração e da memória, regularização do ritmo intestinal, melhora da disposição física e da qualidade do sono. A proposta dos protocolos de desintoxicação é atuar sobre os órgãos que auxiliam a eliminação de substâncias indesejáveis no organismo, e também naqueles que servem de interface entre o meio interno e externo. Isso inclui rim, intestino, fígado, pele e, em alguns casos, o pulmão.
Primeiro passo para desintoxicação
O primeiro passo da desintoxicação é minimizar o máximo possível a ingestão de tóxicos. Para isso a qualidade dos alimentos – que devem ser orgânicos – e da água ingerida é fundamental. E indicado fazer uma alimentação especial que também potencialize a eliminação de resíduos. Por exemplo, uma dieta muito rica em fibras ajuda a eliminação pelas fezes. Já os sucos, em especial os de fruta também são considerados saudáveis, dois a três copos ao dia, de frutas diferentes fazem parte. Alimentos ricos em probióticos estão indicados, porque as bifidobactérias conseguem destruir algumas substâncias tóxicas e neutralizar outras através de combinações químicas, eliminando-as nas fezes.
O rim é o principal órgão de eliminação do organismo, assim muita água precisa ser ingerida para estimular a diurese. Indica-se 2,5 a 3 litros de água ao dia (cerca de 10 copos de água – de origem mineral). Muitos terapêutas que são experientes em desintoxicação preferem alternar a água com chás. Chás possuem fitocomplexos ricos em flavonóides e outras substâncias que carream as toxinas para fora do organismo humano pela urina. Chás como o chá verde, o capim limão, hibisco, folha de abacate, gengibre, carqueja, cabelo de milho, e dente-de-leão são considerados diuréticos e desintoxicantes, e possuem substâncias com essas características, que chamamos de "quelante suave".
O fígado além de eliminar as substâncias na bile, tem um papel fundamental, pois conjuga as substâncias tóxicas com carreadores, como o ácido glicurônico, que facilita sua eliminação. Estimular as funções do fígado, por isso, é um ponto estratégico da desintoxicação. Aminoácidos e minerais podem ajudar muito o fígado, como a metionina, a glutamina, a N-acetilcisteína, o zinco e o selênio. A silimarina uma substância extraída do Cardo Mariano é um potente protetor dos sistemas enzimáticos do fígado. Isso pode ser ainda potencializado com algumas plantas como o açafrão-da-terra, o boldo chileno e a hortelã.
Hidrocolonterapia: lavagem intestinal
Além da dieta, que dei algumas dicas acima, a principal arma da desintoxicação para o intestino é a hidrocolonterapia, Essa estratégia possui uma indicação muito forte na medicina ayurvédica, que valoriza muito a limpeza corporal e do intestino. A hidrocolonterapia é uma lavagem intestinal que elimina mais de 99% dos resíduos do intestino. Existem evidências científicas que algumas substâncias podem ser reabsorvidas no intestino, depois de eliminadas no fígado, criando um ciclo chamado de entero-hepático. Alguns tóxicos podem ter dificuldade de ser eliminados devido a esse tipo de ciclo, o que seria resolvido com a hidrocolonterapia.
Por fim há a pele como órgão de eliminação. Banhos quentes e sauna são considerados formas de eliminação através da pele, mesmo que não haja evidências que essas técnicas gerem uma eliminação eficiente por esse maior órgão do corpo humano. Aqui também a medicina ayurvédica acredita na massagem usando óleos essenciais e movimentos que estimulem a circulação na pele e nos tecidos superficiais.
A acupuntura ensina que existem pontos específicos para eliminação e que atuam em todos os órgãos que já citei. Enquanto não há comprovação do benefício da desintoxicação, eu entendo que vale a pena fazer esse tratamento, considerando a quantidade de substâncias nocivas que estão contaminando o meio ambiente, a água e alimentos.
* A incidência oficial de câncer de mama no Brasil é de 85 novos casos por cada 100 mil habitantes por ano, mas acho que está subavaliada. Nos EUA é cerca de 320 casos de câncer de mama por cada 100 mil habitantes. A OMS avalia que da década de 60 para cá, a incidência do câncer de mama aumentou umas 13 vezes. Pode-se dizer que entre cada 10 mulheres hoje em dia, pelo menos duas vão ter câncer de mama e de cada 10 homens um vai ter câncer de prostata até o fim da vida.