Por Oscar D’Ambrosio
O tema da integração racial é cada vez mais importante numa sociedade cada vez mais globalizada. O único lugar em que a questão não “rende” é nos regimes totalitários, que simplesmente se negam a discutir a questão. Um filme que traz isso à tona numa mescla de lirismo e violência é ‘Gran Torino’.
Dirigido e protagonizado por Clint Eastwood, a obra mostra a conturbada relação de um aposentado e veterano da Guerra da Coreia, extremamente preconceituoso em relação a negros e latinos. A situação se agrava quando precisa conviver com vizinhos orientais. De uma atmosfera inicial marcada por tensão e rejeição, passa-se a uma convivência em que existe um aprendizado mútuo para lidar com as diferenças.
O filme mostra que o preconceito se dá em vários níveis, indo desde conflitos verbais e físicos ao universo dos olhares. Essa é uma das riquezas da obra, pois, quando se pensa em intolerância, geralmente apenas são consideradas atitudes de grande porte, que repercutem, por exemplo, na imprensa, mas, para quem é vítima desse tipo de ação, detalhes podem ser decisivos.
A intolerância em relação a tudo aquilo que se apresenta como diferente passa por vários níveis. O título do filme, por exemplo, vem do carro do protagonista, que foi alvo de uma tentativa de roubo pelo adolescente vizinho, obrigado a realizar a contravenção por uma gangue local. A célebre expressão “violência gera violência” ganha então um forte sentido.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.