por Roberto Santos
"Tenho uma empresa onde sou sócia do meu marido há dez anos. Estou insatisfeita por não ter novos desafios. Estou em busca de uma nova colocação no mercado de trabalho. Será que os selecionadores têm algum preconceito por eu tentar dar um novo rumo à minha carreira em busca de emprego, ao invés de empreender em minha empresa?"
Resposta: Sua pergunta é muito interessante porque toca no tema de preconceitos de selecionadores e como isso pode afetar as pessoas que são entrevistadas por eles.
Primeiramente, é preciso dizer que preconceitos ou filtros emocionais sobre as pessoas não são uma exclusividade de entrevistadores, mas dos seres humanos.
Estamos constantemente julgando outras pessoas com base em nossos valores, crenças, preferências, experiências anteriores etc. O preconceito se dá quando, baseados em uma experiência reduzida com algumas pessoas que representam uma raça, um grupo profissional, uma cultura, uma minoria, generalizamos indevidamente para populações inteiras.
Pode-se dizer que todo preconceito é injusto porque geralmente não tem uma base que o justifique. Os aspectos culturais por exemplo, podem explicar porque um árabe se sente ofendido quando ao sentarmos num sofá nosso sapato mostra a sola para o anfitrião. Daí, ele pode generalizar que todos brasileiros são mal educados, quando seu visitante apenas não conhece as regras e costumes daquele povo.
Os profissionais de seleção, quando bem formados e bem treinados, deveriam estar alertas para seus filtros intelectuais e emocionais, e mais ainda para seus preconceitos, de qualquer ordem. Claro que mudar o rumo de carreira de empreendedora para empregada de carteira assinada não é em si um problema, um sinal de fracasso ou de que você poderá depois de pouco tempo não se adaptar mais à hierarquia de uma empresa, onde não terá a liberdade que, teoricamente, tem trabalhando com seu marido como sócio. Esses podem ser alguns motivos que um selecionador pode ficar na dúvida sobre sua contratação.
Como pode acontecer exatamente o contrário com outro selecionador que poderá ver a oportunidade de trazer para sua empresa alguém que teve a rica experiência de tocar e, mais incrível ainda, sobreviver com um negócio por 10 anos. Você consegue controlar com qual lente o selecionador vai olhar para você? Não dá, certo? Então, o melhor é você refletir primeiro sobre o que você quer e o que não quer, o que é capaz de fazer e o que precisa aprender para pleitear essa ou aquela vaga. Quando estiver pronta e com a cabeça feita sobre o que você quer para os próximos dez anos de sua carreira, você estará mais preparada para qualquer entrevista. Espero tê-la ajudado.