por Dulce Magalhães
Você já teve oportunidade de observar a figura de "O Pensador" de Rodin?
Ele parece pensar na vida, temas profundos, futuro, sucesso, família, onde ir nas férias, o que fazer no domingo?
Essas questões parecem atormentar a humanidade desde a invenção do trabalho.
O homo profissionalis, a última versão na evolução da espécie humana, tem vivido sempre com a pressão de decisões, das mais ínfimas às mais grandiosas.
A grande mudança que percebemos no atual nível de estresse, é que as pressões não estão afetas apenas aos indivíduos e as decisões já não têm aquela simetria de antes, tipo um mais um é dois, hoje é possível que a resposta varie de um e meio a três, ou mais, dependendo de "n" fatores como mercado, concorrência, governo, empregabilidade e a moderníssima variável da Bolsa de Valores. Assim, na prática, ficou mais difícil tomar decisões e, saber de fato, quanto vale com precisão, por exemplo, uma mão-de-obra extremamente qualificada.
Tratar os fatores externos já mostrou sua ineficácia absoluta, vamos, portanto, nos concentrar em fatores internos, que reforcem nosso posicionamento profissional e contribuam com um real desenvolvimento em termos de carreira. Um estudo realizado por 108 consultorias espalhadas em 17 países, identificou o perfil do profissional que resistirá aos reveses e terá mais chance de chegar a um futuro.
Dez atributos do profissional up-to-date:
1º) Empreendedor: ter a capacidade de tomar iniciativas, um gosto especial pelo risco, um certo destemor em enfrentar conflitos (inevitáveis), ter e defender ideias inovadoras.
2º) Polivalente: é a capacidade de fazer BEM várias coisas ao mesmo tempo, ter interesses diversificados, transitar em diferentes ambientes.
3º) Educador: mais do que explicar, ensinar; mais do que informar, comunicar; é a capacidade de formar pessoas e desenvolver talentos à sua volta.
4º) Facilitador: o antônimo de centralizador, é desburocratizante, revisor contínuo de processos, a quintessência do Kaizen, é o indivíduo que constrói pontes ao invés de muros.
5º) Inovador: criatividade e sucesso andam de mão dadas nos dias de hoje, mudar a rotina, os hábitos e os métodos já contam valiosos pontos.
6º) Comunicativo: existe uma habilidade quase mágica entre os seres humanos, alterar padrões de pensamento e emoções através da palavra é pura magia. Comunicar-se com eficácia é o estado da arte no relacionamento humano.
7º) Negociador: conciliar interesses opostos, promover trocas ganha-ganha, identificar alternativas e oferecer opções honrosas. Está aí uma habilidade com grande valor no mercado.
8º) Apaixonar-se pelo cliente: entender o valor e importância do cliente, não medir esforços e energia para conquistar, encantar e fidelizar clientes é a essência da sobrevivência profissional. Você já viu alguém bem-sucedido sem clientes?
9º) Participativo: rede de contatos, atuação associativa, interesses comunitários, visão política e proposta de solução amplificam o talento e reforçam o nível de satisfação que podemos obter por vivermos neste maravilhoso mundo.
10º) Visão estratégica: ver vários lances à frente, trabalhar com planejamento, eleição de prioridades, tomada de decisões. Desenvolver a percepção para os inúmeros sinais que nos mostram para onde ir, o que fazer, o que mudar e seguir sua intuição. Só não se esqueça de aprender com seus próprios erros.
Se você pensou que esta relação de habilidades é a descrição exata do Super-Homem ou da Mulher Maravilha, prepare-se porque, segundo os especialistas, essas são apenas as características básicas.
Você pode e deve incrementar sua lista com muitas outras qualidades que possam influenciar o mercado em que atua. Mas, atenção, não esqueça do dever de casa, no mínimo desenvolva as propostas mais elementares. Porque as pesquisas sobre empregabilidade feitas na Espanha, Itália, Canadá e Estados Unidos, demonstram que o profissional que gerencia sua carreira e investe em seu desenvolvimento tem 85% a mais de possibilidades de emprego em termos gerais de mercado e recebe em média 30% a mais de remuneração que outro colega na mesma função, que não esteja investindo em carreira.
Feitos os cálculos, mesmo com números que caem, cortes de zeros e casas depois da vírgula, ainda assim vale muito a pena o investimento em carreira. Isso vai significar na prática umas vinte horas de cursos por semana (idiomas, informática, especializações), algum tempo na academia para manter o pique e a aparência, um tempo reservado à família para o indispensável equilíbrio emocional e, no intervalo entre tudo isto, ter um desempenho nota dez em termos de qualidade e produtividade. Não, esta não é uma edição de "Missão Impossível", é apenas "A Vida como Ela É" em sua versão mais clara e simples.
O importante é não desanimar antes do início da corrida, mas procurar perceber se você está na corrida certa. Dentro da atividade que desenvolve atualmente, você faz uso de todas as suas habilidades?
Quanto tempo é entusiasmo e quanto é marasmo?
Você tem se interessado por algo além de sua escrivaninha ou de seu setor?
Não se pode ficar culpando a organização, a família, o governo, a Bolsa de Valores pelo desânimo, maus resultados ou simples aborrecimento em relação à vida. Arregace as mangas, sacuda a poeira, espane as teias de aranha e dê uma guinada de 10 graus, não precisa mudar muito, só tem que mudar o essencial. Atuar no lugar, na hora e da maneira certa. Isto determina seus resultados. O futuro não é incerto, é consequência do que fazemos no presente. O futuro, portanto, é líquido e certo.