Por Dulce Magalhães
Já imaginou ganhar uma fortuna na loteria? Ou receber a herança de uma tia excêntrica e insuspeitavelmente milionária? Ou participar de um negócio que é uma moleza, mas que dá retornos estratosféricos?
Quem já não sonhou com algo assim? Principalmente naqueles dias em que as contas entre despesas e receitas não fecham nunca e o cheque especial já nem pode mais ser acionado de tão usado que foi.
Dinheiro curto e sonhos amplos são uma combinação frustrante. Às vezes o dinheiro nem é tão curto assim, mas os anseios estão muito acima das posses do momento. É essa angústia que nos faz sonhar com uma fortuna caindo do céu e resolvendo nossa vida para todo o sempre. E é esse sonho que faz com que a gente se meta em arapucas que fazem dos melhores sonhos o pior dos pesadelos.
Proliferam por aí as pirâmides de dinheiro, onde você pode ganhar mole mole uma fortuna em poucos dias, só que ninguém conta quem vai pagar a conta. Dinheiro é um recurso tangível diferente do amor, por exemplo, que você pode multiplicar de uma mesma fonte sem ter que tirar de ninguém. Não, o dinheiro você transfere de uma mão para outra ou de várias mãos para uma única. Alguém ganha e alguém perde ou, no mínimo, transfere, abre mão, deixa de ter.
A fantasia de se tornar milionário com uma rede de pessoas trabalhando para aumentar nossos lucros, fez com que fenômenos como a Amway conquistassem um status de praga. Ou você já estava no sistema ou não podia mais ter sossego, pois qualquer amigo que fizesse parte da Amway vivia insistindo que era a grande chance de sua vida.
Quem já não se sentiu tentado pelo canto da sereia de fazer algo que exigisse pouco tempo, pouco esforço e desse enormes retornos. É bom demais para ser verdade. E não é verdade mesmo. A riqueza é até passível de se conseguir com golpes de sorte, ganhos na loteria, heranças imprevistas, porém as chances são tão pequenas que não dá para depositar nossas esperanças nesse tipo de episódio.
Aliás, a riqueza difere da prosperidade em sua essência. Enquanto a prosperidade gera riquezas em vários níveis de nossa vida, a riqueza por si só não é capaz de gerar prosperidade. Isso porque uma é plena de intenção, habilidade e potencial, enquanto que a outra é apenas o acúmulo de capital.
A prosperidade é uma forma de agir, um jeito de pensar, uma escolha que fazemos frente aos caminhos que a vida nos abre. Prósperos são aqueles que têm escolhas e desenvolvem habilidades para transformar suas decisões em resultados. Já a riqueza por si mesma não basta para garantir resultados. Podemos verificar isso com a decadência de grandes herdeiros que não navegavam nas águas da prosperidade.
Porém, alguns sonhos são difíceis de superar, principalmente em momentos de escassez. Então vem o desejo de dar uma virada, ganhar uma bolada, não ter mais que contar tostões. O desejo de ter sombra e água fresca. Gente que embarcou nessa aventura e se viu em maus lençóis quando o retorno não veio, a pirâmide acabou, a rede se desfez, a loteria não estava premiada, estava bichada.
Há riscos e riscos. Assumir riscos empreendedores, investir na carreira, mudar de posição no mercado, apostar num curso, enfim optar por riscos de desenvolvimento é muito diferente de arriscar tudo que sonhamos e até mesmo tudo que acreditamos na esperança do grande resultado no curto prazo. É preciso ter clareza do que nos serve e nos convêm. Se está insatisfeito com os resultados que está alcançando hoje, que tal fazer um plano consistente para mudar de condição nos próximos meses.
As perguntas que costumamos fazer estão focadas no problema: como sair dessa? Quem pode ajudar? Como fui me meter nisso? A mudança de foco pode alterar o rumo dos resultados e as perguntas passam a ser: o que preciso aprender para sair dessa? Qual a situação atual e a desejada e como fazer para virar esse jogo? Que passos me trouxeram até aqui e como posso trilhar outro caminho?
Tomar para si as rédeas das situações de sua vida é um comportamento típico de pessoas prósperas. Você passa a ter escolhas e a definir o que, como, quando e porque fará algo. Os milagres de nossa vida não estão nos golpes da sorte, mas nos sonhos que transformamos em planos e nas ações consistentes que fazem desses planos realidade. A verdadeira paz pessoal, fruto da prosperidade, é quando transformamos nossas esperanças em experiências. Qualquer outro resultado será a frustração ou, pior ainda, terríveis pesadelos.