por Roberto Shinyashiki
É normal termos vários objetivos de vida, mas eles devem ser integrados, para que se potencializem. Descobrir, através do exercício do pensamento, se o objetivo A é congruente com o objetivo B é evitar caminhos espinhosos e que, invariavelmente, levam ao insucesso e a um ciclo de repetidos recomeços.
Marcos tinha dois objetivos: montar um restaurante no hotel do pai e morar na Inglaterra. Lógico que não ia dar certo, pois ele precisaria estar à frente do negócio se quisesse que o restaurante fosse realmente dele. Quando começou a investir no tal restaurante, eu perguntei se ele havia adiado o sonho de morar no exterior. Ele sorriu e respondeu: “Nunca!”
Naquele momento, ficou claro que um dos dois objetivos iria naufragar. Tempos depois, meu amigo se mudou para Londres e meses mais tarde amargou um enorme prejuízo com as instalações do restaurante, que nem sequer chegou a ser inaugurado.
Eu gosto do bom senso da mulher do meu sócio. Sua meta é ser promotora pública e ela estuda doze horas por dia para passar em um concurso bem difícil. Dia desses, meu sócio comentou que desejava ter filhos logo. Ela, com um sorriso carinhoso, pediu que ele esperasse ela passar no concurso. Ela está certa. Essas metas não são definitivamente incongruentes, mas, numa extrema demonstração de bom senso, a mulher do meu sócio percebeu que é melhor dedicar toda a energia a somente uma das metas e depois, com mais tranquilidade, inclusive no que diz respeito à qualidade de vida do pimpolho, trazer filhos ao mundo.
Ela percebeu que os objetivos precisam ter uma hierarquia no tempo. Tentar realizar todos ao mesmo tempo é quase sempre o caminho mais curto rumo ao fracasso, mesmo porque, quando a pessoa se propõe a tocar vários projetos, invariavelmente esbarra na necessidade de contratar pessoas preparadas e comprometidas para ajudá-la, o que não é tarefa de curto prazo e, além do mais, acarreta aumento de investimento. É importante definir, com determinação, qual dos objetivos você pode realizar primeiro e quais serão possíveis, sempre numa ordem de, digamos, congruência. Isso, no entanto, não significa que um seja mais importante do que outro.
A melhor maneira de definir seus objetivos é estruturá-los a partir da sua vocação. Muitas pessoas são infelizes e fracassam porque estão trabalhando longe de sua vocação, além de não cultivarem o exercício de pensar. Muitas vezes elas deixam escapar as boas oportunidades por não terem se preparado para navegar em águas turbulentas, que, ao final, sempre acabam por se acalmar, deixando-nos ver novos horizontes. Sim, as turbulências passam, mas para evitar a deriva você deve estar sempre com sua bússola apontada para a direção certa, tendo a certeza de que está preparado para guiar seu veleiro com firmeza e com base numa carta náutica bem definida.
Não importa se você está começando uma vida profissional ou se está fazendo uma revolução em sua carreira. O importante é organizar-se em torno de sua vocação, por isso vamos trabalhar para conhecê-la e trazê-la à tona. Tenha certeza de que você vai se surpreender com sua capacidade de navegação, força que a maioria de nós nem imagina possuir.