por Renato Miranda
Já falei nesta coluna sobre o grande desafio dos dias atuais no esporte: pressão constante por resultados rápidos (clique aqui e leia). Em consequência, raramente ficamos centrados no presente porque estamos aflitos e impacientes com aquilo que está por vir.
Para administrar melhor esta situação, propomos passos preliminares para a concentração absoluta, que auxiliarão tanto atletas como profissionais de diversas áreas em suas tarefas ordinárias.
Trataremos, portanto, das diretrizes para a concentração absoluta que de certa forma, funcionam também como dicas para a conscientização da importância de se transcender nossa concentração padrão.
Quatro dicas práticas para concentração absoluta:
1ª) Esquecer de você mesmo
Frequentemente nós prestamos muita atenção em nossa pessoa social (como nos mostramos aos outros). O atleta é um ótimo exemplo de como reflexões excessivas são feitas com base naquilo que ele mesmo pensa a respeito das expectativas dos outros em relação ao seu desempenho e atitudes. Em consequência, a mente que deveria focalizar somente a tarefa, “dá espaço” a preocupações pessoais que não têm ligação direta com a atividade em questão.
Além disso, o esporte traz consigo muitas fontes de informação que acabam por colaborar ainda mais com o foco na pessoa social, ou seja, o atleta considera possivelmente muito importante as informações da mídia, torcedores e sua própria excessiva autocrítica. Em resumo, o atleta deve ocupar sua mente com os desafios, tarefas e treinamentos e deixar de lado a preocupação com sua pessoa social.
2ª) Não pensar (preocupar) demais com o adversário
É importante pensar no adversário. Não podemos esquecer que graças às frases do tipo: “O Brasil não tem que se preocupar com os adversários, eles é quem têm que se preocupar conosco…” perdemos algumas Copas do Mundo de futebol e passamos por esse vexame histórico. A questão é pensar em demasia no adversário. Isso não é bom, pois pensar muito no oponente impede a concentração na própria tarefa.
É notório que no esporte a luta constante em ser melhor faz o atleta pensar demasiadamente em seus oponentes. No entanto, é conveniente aprender desde cedo a desenvolver sua concentração nas ações que ele tem de realizar, pois isso é fundamental para o sucesso.
O atleta que consegue concentrar em suas ações, influencia as possibilidades daquilo que o adversário pode fazer. Ao mesmo tempo deve lembrar que essas mesmas ações são sujeitas a serem observadas novamente por um oponente melhor e assim a luta pela supremacia continua.
3º) Aceitar o ambiente como algo predeterminado
Admitir as influências ambientais e ao mesmo tempo se adaptar às mesmas é um grande passo para a concentração absoluta. A influência ambiental, tanto no aspecto físico propriamente dito, como social, interfere na concentração do atleta muito mais do que alguém possa imaginar.
Em lugares fechados, por exemplo, o controle da superfície, temperatura e umidade auxiliam a qualidade do desempenho. Em lugares abertos o atleta está mais sujeito às influências do tempo, superfície (campo de jogo), e com isso seu desempenho pode ser afetado e de antemão causar problemas na concentração. Além disso, fatores sociais podem afetar profundamente o atleta em sua capacidade de se concentrar. Por exemplo, a presença (ou não) de expectadores, família e outros e as inter-relações com companheiros, adversários, técnicos, árbitros devem ser controladas e equacionadas a fim de não prejudicarem a concentração. Portanto, aceitar o ambiente pré-determinado e preparar a mente para a concentração na tarefa.
4º) Concentrar no processo da atividade
O objetivo do foco do atleta dever ser suas ações, estratégias, táticas e técnicas, que são exatamente aquilo que vai providenciar o melhor desempenho. Portanto, a matriz para a transcendência da concentração é a própria atuação e não o resultado pretendido. Afinal, o resultado é consequência da concentração despendida na atuação.
Em resumo, viver o presente, melhorar o controle das ações e técnicas bem como a tomada de decisões é o melhor que se tem a fazer para a própria concentração.