por Nicole Witek
Esse último ano, para mim, foi bem movimentado, nada de rotina, nada de mesmice. Adaptações diárias a novos ritmos e a um novo modo de vida. Aos poucos, sem me dar conta, entrei numa forma de estresse que apareceu superficialmente, imaginem onde? No couro cabeludo! Dores acompanhadas por queda de cabelos!
Troquei o xampu para um produto mais natural, de natural passei para um produto orgânico. A cada semana um salão diferente num país diferente, principalmente na China. Os cabeleireiros na Ásia são muito zelados: usam xampu com propriedades específicas e utilizam a massagem ativa e profunda com o mote “no pain, no gain” ou “se você não sofrer, não verá benefícios”. Isso mesmo! Comecei a sofrer do couro cabeludo. As massagens ficaram mais e mais insuportáveis e 10 minutos após o tratamento, era pior ainda. A dor cada vez mais intensa. Conclusão, fugi do cabeleireiro. Mesmo esse em São Paulo, que frequento há mais de 7 anos. Infelizmente a vaidade obrigou-me a buscar soluções para livrar-me do duplo problema: dores no couro cabeludo e queda de cabelos. Queria voltar a fazer minha escova que me faz sentir linda!
Tirando todas as razões patológicas, todas as doenças, o que posso fazer por mim?
Primeira etapa: entender o que acontece
No meu caso, quem é responsável pela dor? O músculo. Esse pequeno tracinho vermelho, à esquerda do desenho, é o músculo eretor do pelo. Cada pelo está ligado a um pequeno músculo eretor que, em caso de estresse, fica contraído, encurtado e doído como qualquer músculo da perna, do braço ou do pescoço.
O couro cabeludo fica extremamente tenso. E ainda mais agredido pelas massagens vigorosas. Os minúsculos músculos que estão ligados em média a 100 até 150 000 fios de cabelos são duros, contraídos, cada um sofrendo de algo parecido como uma câimbra. Dá para acreditar?
Até passar a mão nos cabelos faz com que a dor desça até a ponta dos pés. Parece que você está de ressaca, porém não está.
Faça um teste fácil: extraia suavemente, sem violência, 5 fios, principalmente os do topo da cabeça. Observe com uma lupa se a raiz ficou dentro do couro cabeludo e não saiu com os cabelos que você puxou, e se dos 5 fios que você tem na mão, 4 raízes estão faltando: com certeza você é hipertenso ou hipertensa.
Existe apenas uma solução mecânica (solução externa). E várias soluções dentro do yoga.
Como relaxar esse músculo (na verdade 100 a 150 000 iguais a esse) e ao mesmo tempo fazer com que pare de doer? Escovar o cabelo dói, pentear dói, massagear dói.
Segunda etapa: medidas a serem aplicadas
1 – solução de relaxamento externo
Lave os cabelos com água bem quente, sem esfregar, só para o produto penetrar entre os fios e tirar a poeira e a sujeira. Os xampus de hoje têm um bom desempenho que mesmo assim, lavando de leve, deixam os cabelos limpinhos. Enxague com água morna e agradável.
Após a lavagem, a solução é o vapor. Molhe toalhas com água extremamente quente. Quando colocá-la sobre sua cabeça, já estará numa temperatura adequada. Assim, o vapor se alojará diretamente no couro cabeludo que está mais frio. Se for necessário, peça ajuda a alguém da sua família ou a um amigo para trocar a toalha a cada 5 minutos. Esse procedimento pode durar uma hora. Deite para descansar.
Com as pontas dos dedos faça movimentos suaves no couro cabeludo, sentindo a pela escorregar no crânio, sem forçar e sem esfregar, para que haja uma estimulação. Esses movimentos aliviarão muito a dor.
O uso do xampu pode ser repetido a cada dia. Se for possível, utilize um xampu de boa qualidade, com lipoproteínas e antiestático. Não use xampu para bebê porque não contém as lipoproteínas necessárias.
Vapor, suavidade, lavagem: aqui está a solução mecânica (externa).
2 – solução de relaxamento interno com yoga
Relaxamento
É sempre bom fazer um relaxamento mandando o pensamento ou a energia para o couro cabeludo. O relaxamento consciente permite, no mínimo, a oxigenação e o relaxamento da musculatura. Como os músculos são numerosos, isso, com certeza, vai ajudar.
Visualização
Em estado de relaxamento, imagine os músculos dos cabelos, esses mesmos pequenos músculos do desenho, acompanhando a respiração. O ar entra pelas narinas na inspiração e na expiração ele sopra sobre as raízes dos cabelos. Dessa forma, na sua imaginação, os músculos se alongam no sentido do vento. Repetir várias vezes como se o vento soprasse no mesmo sentido, vamos começar do oeste para o leste. Depois de 5 ou 6 respirações, troque o sentido: do norte para o sul. Após 5 ou 6 vezes, troque e imagine o vento soprando do sul para o norte. Imagine todas as combinações possíveis enquanto está fácil e leve. Quando a visualização começar a ficar mais fraca, e você mais cansada, pare.
As posturas com a cabeça para baixo: posições em que a cabeça fica mais baixa do que o coração. Fazer apenas se o seu estado de saúde permitir.
Um exemplo é sentar sobre os calcanhares. Nessa posição, coloque o topo da cabeça no chão e as mãos em direção aos pés.
Na expiração, quando o ar sai, role o topo da cabeça no chão, elevando o quadril em direção ao teto. Na inspiração, role o topo da cabeça no chão, abaixando o quadril em direção aos pés. Repita lentamente, conscientemente, suavemente. Descanse um pouco antes de sentar novamente. E termine com alguns minutos de relaxamento deitado (a).
Entendendo como a dor se instalou e aplicando essas dicas, você consegue se livrar da dor e do problema. A dor desaparece de um dia para o outro e os cabelos gradativamente param de cair. Se por azar persistirem os sintomas, procure um médico para um diagnóstico, pois apenas falo dos distúrbios corriqueiros que o yoga ajuda a eliminar.
Você entende como funciona: observar suas dores, estar consciente delas, encontrar as técnicas naturais que possam ajudar a estimular as forças de vida – seja a energia vital (ou prana), empenhar-se para “fazer acontecer”, principalmente liberar um pouco de tempo no seu dia para… relaxar conscientemente.