Doutorado e mestrado: pra quê?

Por Blenda de Oliveira

Interessante como carreiras intelectuais são admiradas. A intelectualidade sempre foi associada ao brilhantismo e à inteligência.

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Pessoas que seguem carreiras, por exemplo, acadêmicas, quando referidas por alguns, esses já o fazem em tom magnânimo.

Professor, doutor são títulos que muitos adoram colecionar e divulgar. Quando falam de um profissional, dizem: fulano é Doutor por essa ou aquela instituição.

Sim, tudo tem seu valor e nada é mágico ou simplesmente pertence aos gênios. Aliás, a genialidade, o brilhantismo e o domínio do conhecimento nada, absolutamente nada, têm a ver com títulos, tampouco com a academia. Essa é só uma possibilidade.

Há pessoas brilhantes, especiais, que fazem a diferença e que nunca frequentaram mestrado ou doutorado. Inúmeras! Mas, claro, dependendo da natureza do trabalho, são pouco notadas e respeitadas. Coloca um ‘Dr.’ na frente, pronto, virou mito!

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Já fiz mestrado, doutorado, inclusive, início um outro. Nunca tive uma relação idealizada com nada disso. Até porque a academia tem inúmeras vantagens, mas tem, igualmente, muitas regras, política e egos enormes demais para meu gosto.

Nem tudo se dá por mérito lá dentro. Pelo contrário, pode ocorrer por adequação de cada um às categorias de grupos e/ou pensamento. O mérito verdadeiro está nas diferenças, não, na adequação.

Como em tudo ou quase tudo, se cair nas graças dos papais ou mamães intelectuais, como alguns gostam de se denominar, o caminho é muito facilitado. Há os queridinhos e os que fazem de tudo para serem filhos prediletos dos mestres. Isso nada tem a ver com produção do conhecimento que, por princípio, não é para agradar ninguém nem repetir o discurso da ideologia vigente. Pelo contrário, deveria gerar inquietação, desorganização e livre pensar.
 
Precisa estar atento para usufruir do melhor que, ao meu ver, é produzir e divulgar conhecimento, de preferência, com aplicabilidade na realidade. Isso realmente me encanta, se for possível.

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Quando quis fazer essas graduações, fui movida pelo gosto de estudar, mas, como sou indisciplinada, e preciso de uma moldura para produzir (prazo, feedback etc), encontrei na academia um lugar "ok" para isso. Outro grande ganho: a academia e bons orientadores nos ensinam a organizar o pensamento, a definir melhor os conceitos e fazem críticas que ajudam muito no crescimento pessoal e intelectual.

De outro lado, a burocracia, o narcisismo, a ideologia dos grupos e as panelinhas dentro desse meio sempre foram a parte cansativa de conviver, que correm na linha oposta da liberdade de criar e conhecer.

Portanto, não se impressione com títulos. Há muitos que os carregam e nada têm dizer.

Vamos valorizar TODOS que trabalham bem e constroem carreiras sérias e honestas. Não só aqueles que carregam títulos e que lidam com este ou aquele assunto.

Quem trabalha, pensa e desenvolve bem, TODOS são importantes, especiais e diferenciados.