por Patricia Gebrim
O que aconteceu conosco? Quando foi que decidimos nos tornar assim tão… desinteressantes?
Sim, está muito difícil encontrar pessoas interessantes nos dias de hoje. Está difícil encontrar gente bacana, que tenha histórias inspiradoras para nos contar, que tenha algo para nos ensinar, ou que tenha disponibilidade para sentar-se em uma poltrona confortável, tomando um cafezinho, um chá ou uma taça de um bom vinho, sem pressa, dispostas a falar sobre aquilo que de verdade vale a pena, com prazer, o prazer da troca, o prazer da descoberta, o prazer de tornar-se alguém mais sábio, melhor.
Uma coisa é verdade… Nunca vi tantos corpos malhados, nem tanta “informação” circulando. As pessoas dedicam muita energia em esculpir músculos, em consumir mais e mais tecnologia, em obter tudo aquilo que lhes dê status e que as façam sentir-se parte dessa massa insossa. Saem aos bandos para passar horas e mais horas falando sobre absolutamente nada, sem perceberem que algo está faltando, algo precioso que se perdeu pelo caminho.
Estamos perdendo o que temos de melhor.
Por que ficamos desinteressantes?
Foi-se embora a doçura, a criatividade, a troca saudável, a camaradagem, a parceria… a humanidade. Ninguém se importa com nada mais a não ser consigo mesmo.
– O que aconteceu conosco?
Isso tem gerado mudanças significativas e importantes em nossa forma de viver. Enquanto muitos seguem pela vida completamente anestesiados, outros começam a despertar e sentem-se absolutamente deslocados. São pessoas que acabam se afastando das outras, optando por ficarem consigo mesmas. Não tanto por rejeitarem os outros, mas por que de verdade não conseguem trocar nada com eles. Não se trata de excesso de criticismo, tampouco se trata de timidez ou retraimento. Mas às vezes a distância entre um grupo de pessoas e outro é tão grande, que a troca é simplesmente impossível. Falam línguas diferentes, têm valores diferentes, veem o mundo de forma completamente diferente. Possuem visões completamente opostas.
Pessoas desinteressantes x pessoas interessantes
Enquanto uns estão completamente imersos nos valores ditados por uma fragmentação do ser humano, outros buscam pensamentos e ações que reflitam a unidade que abarca a todos.
Enquanto uns se perdem nas ilusões do consumismo, da superficialidade que torna tudo meio descartável; outros anseiam por aquilo que mora por trás de nossos olhos, valorizam a natureza, as relações humanas, a indestrutividade da alma.
Enquanto uns buscam a beleza em corpos malhados e roupas bonitas; outros acham belas as pessoas que tenham sensibilidade, um coração amoroso e a capacidade de perdoar.
Enquanto uns cultuam a superficialidade, a frivolidade e as relações descartáveis; outros corajosamente buscam aprofundar-se na verdade das coisas, cientes de que relações verdadeiras e duradouras são fruto de uma construção conjunta.
Enquanto uns tentam impor a qualquer custo sua marca pessoal, nem que para isso tenham que ensurdecer os vizinhos, pisotear seus jardins e forçar o mundo a engolir sua forma desrespeitosa de ser; outros valorizam o silêncio, a paz e o respeito.
– Como seres tão diferentes podem conviver?
Eu me pergunto, enquanto me dou conta do imenso desafio ao qual estamos todos sendo confrontados.
Claro, os mais sábios, dotados de um nível de consciência mais elevado, serão mais capazes de respeitar o outro, terão mais flexibilidade, demonstrarão mais compreensão e compaixão. Não se pode esperar o mesmo daqueles que ainda vivem imersos na ignorância, que estão sendo constantemente controlados pelas projeções de suas próprias ilusões.
Assim vivemos hoje, dois mundos coexistindo ao mesmo tempo.
Se você é uma dessas pessoas que ainda está adormecida, perceba o anseio de vida que repousa em seu íntimo e procure despertar. Perceba que aquilo que vem buscando nunca o alimenta de verdade, fazendo com que você tenha sempre que buscar mais, mais e mais. Busque ao seu redor alguém que pareça já enxergar as coisas de uma nova maneira e aprenda com essa pessoa. Comprometa-se com sua evolução.
Por outro lado, se você for uma das pessoas privilegiadas que já despertou desse sono de morte que envolve grande parte da humanidade, talvez muitas vezes você se sinta só, incompreendido ou diferente da maioria das pessoas, talvez ande irritado e sem paciência com o ruído e caos… Tente acalmar-se e aceitar o lugar onde se encontra. Desfrute de sua própria companhia. Não traia seus valores, não tente se “adequar”, não deixe de ser quem você é. Permaneça nesse lugar único que é só seu e tente criar beleza aí, nesse espaço onde a sua alma se revela. Essa será a sua marca. E essa é a única maneira de você se aproximar da felicidade. Se você já chegou aí, acredite, não há como voltar atrás. Você deve aceitar seu momento e seguir em frente.
Um dia, espero que em breve, esses dois grupos se encontrem e caminhem juntos em direção a um mundo mais justo, pacífico e amoroso.
Enquanto isso ainda não é possível, sustente a sua energia no nível mais alto que puder. Essa é a sua missão nesse momento planetário. Não se perca tentando controlar ou salvar as outras pessoas. Use a sua energia modificando aquilo que está em suas mãos: você mesmo!
Faça o seu melhor, seja a melhor pessoa que conseguir. Sustente ao máximo os valores integrativos que levam você em direção ao não julgamento, à aceitação das diferenças, à convivência pacífica com aqueles que o cercam e ao amor.