É normal enjoar do outro?

por Anette Lewin

"Tenho grande dificuldade em estabelecer uma relação duradoura."

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Resposta: Em geral, quem enjoa do outro rapidamente, no fundo está enjoado de si próprio. Como é difícil assumir para si mesmo sua "chatice", sua "mesmice" a pessoa coloca uma enorme expectativa de mobilização no outro e acaba se frustrando.

Mobilizar-se com o novo é muito fácil. Qualquer relacionamento no inicio é interessante pelo que tem de desconhecido. Um relacionamento, porém, só começa de fato quando o(a)parceiro (a)começa a ser desvendado(a). Só podemos nos relacionar com quem conhecemos, ou pelo menos, com quem conhecemos um pouquinho.

Quando nos relacionamos com quem ainda não conhecemos, no fundo estamos nos relacionando com as nossas próprias fantasias. Que levamos para onde queremos… E como no inicio de qualquer relação amorosa ficamos mais propensos a tentar agradar, acabamos passando, erroneamente, a impressão de que somos exatamente aquilo que o outro imaginou.

Se você, enjoa rápido de seus relacionamentos é por que está buscando "emoções baratas", aquelas das quais você pode ser mero( a) espectador(a); emoções que não são determinadas por vivências, mas por expectativas. Pode-se comparar esse tipo de emoção com aquelas provocadas pelo uso de drogas: você toma uma droga estimulante e fica aceso não porque alguma vivência causou essa euforia em você, mas por que a droga produziu essa emoção. A novidade é a droga do relacionamento; a pessoa fica viciada nela e não consegue esperar que as vivências da relação construam as emoções específicas de seu encontro amoroso. A pessoa troca de parceria para viver novamente a emoção do desconhecido e acaba ficando viciada nessa emoção.

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Descartar pessoas pode se tornar um vício

A sociedade do descartável estimula esse comportamento. As relações verdadeiras estão em perigo; as pessoas estão se acostumando com "emoções baratas" e fáceis de obter. Descartar pode se tornar um vicio. Se você está entrando nele, tente voltar atrás antes que seja tarde.

Construir relacionamentos profundos e verdadeiros exige um certo trabalho, é verdade. Mas proporciona um excelente retorno e, principalmente, nos devolve a liberdade de amar, livrando nos da prisão da eterna procura.

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