É possível amar de verdade duas ou mais pessoas ao mesmo tempo?

Quem ama duas ou mais pessoas ao mesmo tempo diz que é possível. Mas podemos comprovar que há amor dentro do poliamor?

E-mail enviado por uma leitora:

“Muito se fala em poliamor, relacionamento aberto… mas a minha dúvida não é em relação ao amor consentido ou de se sair para namorar a 3 ou a 4, 5… Mas se de fato pode se amar de verdade mais de duas pessoas ao mesmo tempo?”

Resposta: Olá. O amor se dá de várias formas. Quando falamos de poliamor, estamos não só falando de sentimentos, estamos falando de acordos, valores, formas diferentes de enxergar uma relação amorosa. Se é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo da mesma maneira e da mesma intensidade, não se tem como medir os sentimentos e a relação de uma forma tão cartesiana assim.

É possível amar de verdade duas ou mais pessoas ao mesmo tempo?

Quem vive o poliamor, diz que é possível amar mais que uma pessoa. E se eles dizem que amam; sendo essa a forma deles enxergarem o amor e como isso se dá nas suas relações românticas… como podemos dizer que o que eles sentem não é verdade ou não é possível?

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Acredito que quem consegue estabelecer relações desprendidas (vamos dizer assim), isso não significa que não se tem afeto. O amor é um sentimento controverso muitas vezes; e queremos enquadrá-lo em um esquema simplório, porém não tentar encaixá-lo é impossível.

Pensamos no amor como algo vinculado à exclusividade, sendo que o amor se dá por várias formas. Um exemplo disso é quando tentamos comparar o amor que um dos pais sente pelos seus filhos. Os pais falam que amam igualmente, e sinceramente pode sim existir amor, mas que ele se dá da mesma forma é bem difícil.

Nós temos preferências e características individuais que nos atrai e nos distancia dos outros. Isso não significa que não amamos o indivíduo somente, amamos o que ele nos representa afetivamente. Por isso, o amor entre pais e filhos pode se dar de diferentes formas. E eu acredito que isso também possa valer nas relações românticas/sexuais. A gente acredita que é possível medir a intensidade do amor, e nessa medida colocamos uma bela pitada de exclusividade, que popularmente chamamos de fidelidade.

Por mais que estudemos os sentimentos, ainda que consigamos comprovar por A + B essa informação, o que conseguimos avaliar de forma mais concreta é as consequências que esse sentimento pode trazer na vida do casal ou do indivíduo.

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Mas podemos comprovar que há amor dentro do poliamor?

E sinceramente, acho que nem podemos conseguir tamanha proeza de comprovar se existe amor dentro do poliamor, isso porque o amor é diferente para cada um (conforme o exemplo acima). Nós humanos: para sobreviver, reproduzir e conseguir cuidar da nossa prole, nos relacionamos mais da forma monogâmica.

Acredito que fatores que vão além da evolução natural da espécie, possa contribuir para esse tipo de relação, como por exemplo, o patriarcado.

Mas o mais importante dessas explicações, discussões e teoria que acabei de escrever, é você ter claro o que é o amor dentro dos seus valores e sua crença. E se você topar ter uma relação de poliamor, aberta, não monogâmica etc, o que vale é sua escolha e assim ser feliz com a sua forma de amar.

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento

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Psicóloga Clínica, Psicodramatista pela Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), cursando nível II e III na Sociedade Paulista de Psicodrama e Sociodrama (SOPSP) e Terapia de Casal no Instituto J L Moreno. Pesquisadora no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas FMUSP no PRO AMITI no setor de Amor Patológico e Ciúme Excessivo. Vice-presidenta da Associação Viver Bem