por Eduardo Ferreira Santos
“Meu marido foi assassinado na minha frente há um ano e dois meses. Desde abril de 2011, estou tomando fluoxetina e há três meses diazepan, pois não consigo ter uma noite de sono tranquila. Tenho muitos pesadelos, me lembro com muita frequência do acontecido e sofro demais com tudo isso. Não estou tendo nenhuma melhora. Isso é só uma depressão ou algo mais grave? Devo mudar de médico? Minha família está se afastando, por eu estar cada dia mais irritada e nervosa. Além disso, estou tendo umas confusões, por exemplo: sair de casa com os tênis trocados achando que peguei o certo, pegar o ônibus errado e ter “certeza” que peguei o certo, etc. Aguardo sua resposta.”
Resposta: O Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) é, sem dúvida, um quadro bastante severo que pode modificar completamente a vida de quem sofreu um trauma envolvendo violência física.
Embora seja um Transtorno classificado no grupo dos “Transtornos da Ansiedade”, o TEPT afeta várias esferas do psiquismo humano, sendo mesmo até incapacitante para a vida como um todo.
Poucos conhecem esse diagnóstico e não sabem tratá-lo convenientemente, sendo necessária uma abordagem específica para o seu tratamento, que envolve não apenas a psicoterapia, mas também um tratamento medicamentoso adequado.
É possível sim tratá-lo, embora, como dizem quase todas as pessoas que passaram por esse acontecimento: “Ninguém é mais o mesmo após passar por um incidente como esse”.
O que se observa na prática, é que, se não tratado, o TEPT pode se cronificar em doenças de ansiedade, fobia, depressão, TOC e outras alterações do psiquismo.
Tratado, consegue-se recuperar a capacidade do paciente para voltar à sua vida normal, transformando-o de “vítima em sobrevivente”, embora persista, lá no fundo, um resquício, uma sequela, como diria o velho dito popular: “Gato escaldado tem medo até de água fria”, permanecendo uma leve sensação de insegurança que na verdade é um sentimento comum no ser humano, pois ninguém tem o controle absoluto sobre o que lhe pode acontecer no futuro.
No entanto, não é preciso viver com MEDO e sim passar a ter CAUTELA, sabendo distinguir os RISCOS das verdadeiras AMEAÇAS.
Viver em um meio como vivemos nos dias de hoje, onde a violência não só física, como psicológica, social, moral, ética está presente em larga escala, torna mesmo muito complicada a sensação de segurança e liberdade que gostaríamos de ter.
Mas enfim, a vida é mesmo repleta de riscos e não devemos nos deixar reféns dessa situação e pararmos de viver por conta do MEDO.