É possível dominar o ego

por Patrícia Gebrim

Muitas vezes somos invadidos por emoções que preferiríamos não ter. Sentimos mais raiva do que gostaríamos, sentimos medo, inveja, ciúme… Nos sentimos arrebatados por essas emoções, como se uma onda nos roubasse o chão e nos levasse, enquanto tudo ao nosso redor gira num turbilhão, causando sofrimento a nós e aos que nos rodeiam.

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Quanto mais você lutar contra o que sente, saiba, mais forte isso ficará. O equilíbrio só pode ser encontrado se você for corajoso o suficiente para sentar em quietude bem no olho do furacão.

Vamos entender isso melhor?

Todos nós fomos condicionados a responder às ameaças de duas maneiras: lutar ou fugir, certo? Era assim que lidávamos com os predadores. Ainda é assim que muitos de nós REagimos quando identificamos um sentimento dentro de nós como uma ameaça:  

Ou vamos diretamente na sua direção, como antes partíamos na direção de um predador (e acabamos nos envolvendo e sendo tomados pelo sentimento).

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Ou tentamos evitá-lo a qualquer custo, como antes fugíamos, caso não nos sentíssemos fortes o suficiente para vencer o embate.
 
Perceba… Se nos lançamos na direção do sentimento, acabamos sendo engolidos por ele. Quem nunca se viu em meio a um ataque de raiva ou ciúme, agindo de forma absolutamente irracional? Ao fazer isso, causamos danos no mundo externo, atacamos as pessoas, deixamos um rastro de destruição que vem seguido por um imenso sentimento de culpa.

Por outro lado, se tentamos evitá-lo, reprimindo o sentimento, fingindo que ele não está lá, acabamos fazendo com que ele se intensifique mais e mais, e perdure. Além disso, causamos danos a nós mesmos. Adoecemos de tanta coisa “engolida” e vivemos reféns de imensos ressentimentos (re-sentimento = o sentimento "evitado" fica sendo sentido de novo e de novo.)

Perceba: as duas opções, lutar e fugir, são REações condicionadas, de quem ainda se encontra aprisionado pelo ego. Não são escolhas. Agimos como robôs.
Agora me acompanhe e imaginemos algo novo!

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Imagine que frente a um sentimento que o assusta, que o incomoda, que o faça sofrer ou se envergonhar… Imagine que você o perceba e se mantenha imóvel. Você respira, se aquieta na sua presença, mas não  parte para o ataque. Não permite que ele o possua. Tampouco o nega. Você não foge do sentimento. Permanece perturbadoramente quieto, apenas observando esse sentimento se mover em seu íntimo. Imagine isso! Sinta, se puder!

Essa ação não faz sentido algum para o ego! Na verdade o ego é incapaz de fazer isso e fica absolutamente desconcertado com algo assim! Você deixa o ego sem chão!

A única parte de nós capaz disso é a alma. Frente a essa postura, o ego se fragiliza e você abre espaço para que algo mais elevado se manifeste. Algo novo começa a se mover em seu íntimo. Uma luz começa a penetrar a escuridão daquele sentimento, a dissolver suas sombras, enquanto você permanece lá, quieto, abraçando o sentimento em sua plena aceitação.

Se você insistir nessa postura toda vez que for desafiado por um sentimento, perceberá que aos poucos aquele sentimento começará a se desintegrar e algo novo se instalará em seu lugar. Algo que não venha dos condicionamentos do ego. Algo que não mais será uma REação, e sim uma ação consciente, uma pura expressão da sua essência.

Ou seja, ao aceitar o caos interno, ao aceitar o que quer que esteja sentindo, ao se sentar bem em meio disso, você se lembrará de quem verdadeiramente é e descobrirá um lugar de profunda paz.

O olho do furacão. Esse é o único lugar onde podemos ser livres. Esse é o único lugar onde podemos amar a nós mesmos. O único lugar verdadeiramente transformador.

Teste por si mesmo!