É possível escapar das armadilhas do funcionamento repetitivo?

por Aurea Caetano

A cada início de novo ciclo, como a passagem do ano por exemplo, somos quase compelidos a estabelecer listas de coisas a serem transformadas: novas atitudes a serem tomadas, novos projetos a serem construídos, todo um mundo novo a ser vivido. Serei agora diferente e melhor do que fui até então!

Continua após publicidade

Os dias vão passando e via de regra acabamos por perceber que apesar do forte desejo de mudança a vida cotidiana vai se impondo e a transformação verdadeira fica cada vez mais difícil e distante. Nossas intenções continuam sendo as mesmas, mas… alterações importantes, como essas a que nos propomos a cada novo ciclo, são bem complexas e trabalhosas.

É preciso vencer ou ultrapassar formas habituais de funcionamento, maneiras de estar no mundo, configurações de relacionamento. Como mudar se meus parceiros mais próximos e o mundo à minha volta continuam se comportando da mesma forma? Tarefa difícil essa, não?

Falando um pouco em neurociência, entendemos que nossos cérebros podem ser chamados de “máquinas de antecipação”- constantemente escaneando o meio ambiente, tentando perceber o que vem depois. Essa capacidade é essencial para a sobrevivência da espécie humana.

Ora, se há em nós esse tipo de funcionamento, e ele se mostrou importante para nossa sobrevivência enquanto espécie, como desenvolver a capacidade de oferecer respostas novas a questões antigas? Como sair do aprisionamento do já conhecido, do já vivido, do profundamente enraizado e experimentar novas possibilidades?
Há em nós um conflito constante entre mudança e permanência, entre velho e novo, aventura e estabilidade. Seres humanos normais que somos, estamos sempre a caminhar entre polaridades, buscando avançar e ao mesmo tempo consolidar nossos conseguimentos.

Continua após publicidade

Ora, para que isso possa acontecer, há que se devotar energia para a construção e permanência do já conquistado e ao mesmo tempo permitir que os novos ventos nos possam impulsionar em outras direções. Da relação adequada (e o que é adequado?) entre esses dois movimentos, vamos poder construir caminhos novos nos quais as mudanças tão desejadas possam ser implementadas.

Feliz ano novo para todos nós!