por Anette Lewin
"Meu casamento acomodado é mantido por motivos familiares, desconfio que meu marido seja gay, mas não tenho coragem de fazer nada."
Resposta: Muitas vezes devemos reformular nossas perguntas para que fique mais fácil respondê-las. Você descreve um casamento sem sexo e pergunta se é possível mantê-lo. Eu perguntaria se é possível decidir casar com alguém consciente de que a sexualidade não será o ponto forte da relação. E aí a resposta é positiva. Apesar de toda a apologia que se faz em torno da sexualidade, nem sempre esse é o aspecto que determina ou mantém um casamento.
Muitos casamentos são sustentados na vontade de ter uma família, outros na cumplicidade afetiva, na cumplicidade intelectual. Enfim, cada um tem seus motivos pessoais para casar. Voltando a você, a não ser que tenha se casado muito jovem ou que seu marido seja um verdadeiro ator, fica difícil acreditar que a sexualidade tenha sido muito diferente do que é, pelo menos por um tempo prolongado, excluindo-se as primeiras vezes. E provavelmente você notou e mesmo assim, casou! É claro que você pode se transformar, pode mudar, pode estar mais consciente de uma necessidade à qual não deu muita bola e querer trocar de parceiro. Mas aí, corre um risco, perde uma família e começa uma nova busca baseada em outros valores. E pode sair ganhando ou perdendo. Resumindo, não se critique pela opção que fez. Assuma-a! É a única forma de poder ser dona de sua própria vida e eventualmente modificá-la. Não me parece que te falta coragem para fazer algo, falta entender melhor o que você fez até agora para poder dar um novo passo com maior consciência. E nisso, uma terapia pode ajudar bastante. Uma pessoa pode, sim, manter uma relação matrimonial sem sexo, achar que seu matrimonio acomodado possa ser mantido por muito tempo e desconfiar que seu marido possa ser gay e não ter coragem de fazer nada; principalmente se gostar desse marido e sentir que a relação também traz coisas boas e essas coisas podem sustentá-la. Pense e decida.
O que fazer quando um dos cônjuges quer ter filho e o outro não?
Resposta: Em primeiro lugar é importante entender direito o porquê de quem quer e de quem não quer. Ter filhos, para muitos, é apenas dar continuidade à espécie. É o que estipulam as leis sobre casamento, família, religião, etc. Outros, nos dias atuais, defendem que o casamento pode existir independente da procriação e ter ou não ter filhos é uma opção que, de preferência, deve ser abordada antes do casamento…. No caso de vocês, ela vem depois, sinalizando que nenhum dos dois tinha muita certeza ou firmeza em relação a esse tema. Em geral, os homens resistem mais à ideia de ter filhos do que as mulheres. Por uma série de motivos, entre os quais os mais práticos como o sustento e os mais afetivos como o medo de perder a atenção da esposa. Acredito que a única coisa a ser feita é conversar, conversar muito, cada um falar de seus anseios, seus medos, seus sins e seus nãos até chegarem a algo comum.
Estou infeliz no casamento, mas sem coragem de me separar
Ele no passado teve uma amante e uma filha
Resposta: Você tem que analisar se a sua infelicidade está ligada só ao casamento ou também a um vazio que existe na sua vida como um todo. Você cita um monte de coisas que seu marido fez, certas ou erradas, mas não fala de tentativas que você tenha feito em sua vida para dar a ela um sentido. Você diz que não conseguiu ser a única mulher, nem a única mãe dos filhos dele. Será que se tivesse conseguido, sua vida seria muito diferente? E se você se casasse com uma pessoa divorciada com filhos? Também não teria sido a única! Você vai argumentar que o que te feriu foi a traição, será? Coloco tudo isso para que você reveja sua postura com relação à vida e ao casamento. É importante que você saiba o que quer para você, e não o que quer ser para alguém, pois desse jeito você pode se separar, casar de novo e cair na mesma armadilha de dependência. E continuar infeliz. Reflita.