Anette Lewin
"Depois de trinta anos de casado minha esposa disse que não me ama mais, que guardou pequenas mágoas e me vê como amigo. Nosso relacionamento nunca teve agressões, nem traições e ela se nega a fazer terapia de casal. Eu ainda a amo muito. Será que posso salvar meu casamento?"
Resposta: Quando alguém, depois de trinta anos de casamento, diz que não ama mais seu cônjuge e quer se separar, certamente não está brincando ou testando seu parceiro.
Mesmo porque não deve ser fácil para ninguém, nessa fase da vida, tomar esse tipo de decisão. Nem para quem diz, nem para quem ouve.
Você é o que ouve e quer fazer alguma coisa para reverter a situação. Certamente, se você ainda quer a relação, deve fazer o que puder para mantê-la! E aí, vale tudo o que vier à sua cabeça: as atitudes românticas que nunca tomou, a ousadia que não teve coragem de propor, a delicadeza cobrada tão explicitamente ou até seu lado rude escondido por trás de uma fina capa de verniz.
Nada porém garante que ela voltará atrás. Assim, as tentativas devem ser encaradas apenas como tentativas, nunca como garantia. Tentar é uma forma de evitar o arrependimento de não ter tentado. Apenas isso.
Reconquista e mágoas
Caso seu esforço de reconquista provoque nela a vontade de tentar novamente, é importante que você esclareça o que são as "pequenas mágoas" que ela menciona. Se ela falar tente apenas ouvir: não se justifique, não argumente, apenas deixe que ela diga o que sente e reflita sobre o que ouviu. É em momentos como esse que as pessoas têm a oportunidade de conhecer melhor seus parceiros amorosos com suas motivações e suas frustrações.
Por mais doloroso que seja o que você possa ouvir, aproveite a chance de conhecer melhor a mulher que você diz que ama!
Caso, porém, você perceba que a posição dela está tomada, é hora de começar a elaborar o luto da perda. Não vale a pena o desgaste de querer reconquistar a qualquer preço. Nem sempre querer é poder, principalmente numa relação amorosa. Lamente, chore, fique com raiva, encontre culpados, enfim, permita-se viver todas as emoções que uma perda provoca. Depois, como diz a música Volta por cima de Paulo Vanzolini: "Reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá volta por cima".