É possível ser mãe sem culpa?

Ser mãe, e não carregar um fardo de culpa, requer um diário processo de aprendizado e reconstrução. Não há fórmulas, cada ser é único, mas saber escutar o filho, silenciar mais do que falar, pode ajudar bastante nessa construção materna.

Atendo a inúmeras mães no meu consultório e brinco com elas dizendo que: “quando nasce um filho também nasce uma culpa”. Impressionante como assumimos culpas a vida inteira por situações que supostamente sentimos que carregamos “nas costas” por nossos filhos. É assim que as mamães se sentem no dia a dia: cheias de culpas, que oscilam umas mais, outras menos.

Continua após publicidade

E vamos entender esse percurso maternal: não se nasce sendo mãe. Não temos todas as respostas prontas para suprir as dúvidas dos filhos ou da criação. Não será apenas pelo seu amor, afeto genuíno e dedicação contínua que ele (o filho) será uma personificação de pessoa boa e exemplar no mundo. Afinal, não basta só o amor ofertado. É um conjunto de emoções, crenças, comportamentos, valores e experiências passadas que precisam ser elaboradas e ressignificadas, muitas vezes, para que possamos transmitir de uma forma reeditada mais positiva para os filhos.

Caso contrário, virará uma repetição de erros e padrões disfuncionais do passado para o presente, levando o filho a repetir erros nossos como uma forma de perpetuação de comportamentos familiares disfuncionais.

Como ser mãe sem culpa?

Não se nasce mãe. Tornamo-nos mãe. Aprendemos a ser. Reestruturamos o nosso formato materno a todo momento. Somos várias mães em uma ao mesmo tempo. Não se nasce mãe. E é aceitando isso que você se abre para aprender a ser uma mãe melhor, a cada dia. Não há roteiro, tampouco receita. E o que vale para uma mãe, pode não valer para outra. Porque somos seres únicos e carregamos experiências emocionais próprias. Então aceite: não se nasce mãe.

Precisamos desaprender algumas coisas e reaprender outras para nos tornarmos mães. Na verdade, lembre-se que mãe é uma construção diária. E que mais do que uma mãe que fala para educar, é necessário ser uma mãe que silencia para escutar. Pois é na escuta do seu filho que você alcançará um maior aprendizado do que apenas no processo de falar.

Continua após publicidade

Desejo um bom percurso para as mamães leitoras por aqui. Não se nasce mãe!

Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental; Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde - UFP - Universidade Fernando Pessoa em Portugal. Defendeu a sua dissertação com excelência e nota máxima sobre: “A interferência das redes sociais nos relacionamentos”. Especialista em Psicologia da Saúde, Desenvolvimento e Hospitalização – UFRN; Especialista pela Faculdade de Medicina do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP – SP. Foi professora da Pós-graduação em Psicologia – Terapia Cognitivo-Comportamental (Unipê). Há 20 anos atendendo na clínica a adolescentes, adultos, casais e famílias. Membro da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas - FBTC. Mantém o Blog próprio desde 2008. Mais informações: www.karinasimoes.com.br. Atendimentos com consultas presenciais ou online