por Cristina Balieiro
Ártemis tem e participa de inúmeros mitos gregos e o que vou contar aqui é somente o mito de seu nascimento e de seu primeiro encontro com o pai, Zeus.
Zeus foi casado com a deusa Leto antes de casar com Hera, mas engravida Leto de gêmeos. Hera com medo do poder dessas duas crianças divinas, impede Leto que dê à luz em qualquer terra firme e ela fica vagando de lugar para lugar, grávida. Mas, Poseidon com pena dela, lhe permite ficar na ilha de Delos. Lá chegando, Leto rapidamente dá à luz a Ártemis, que depois ajuda a mãe por nove dias e nove noites no trabalho do parto de seu irmão gêmeo Apolo.
Com três anos, os gêmeos são levados por Leto para conhecer o pai, Zeus. Encantado pela beleza da filha, Zeus lhe diz que ela pode pedir a ele tudo o que quiser, pois será atendida.
Ártemis ela lhe pede: aljava, arco e flechas, uma matilha de cães selvagens, as montanhas, as florestas virgens e ninfas para acompanhá-la em suas aventuras; uma túnica suficientemente curta para poder correr sem impedimento e o direito de não pertencer a homem nenhum. Apesar de surpreso, Zeus lhe concede todos seus pedidos.
Assim Ártemis se torna a deusa da caça e da lua e, ao mesmo tempo, protetora da fauna e da natureza selvagem. Ela é também a deusa que rege os partos. Ela ama estar livre na natureza em companhia dos animais.
O que Ártemis pode nos ensinar?
1º) Em primeiro lugar, sobre a importância capital, especialmente hoje, de respeitar o que resta da natureza selvagem em nosso planeta tão ameaçado. De vermos nosso planeta como nossa Mãe Terra. Ela diz também sobre a urgência de resgatar o respeito à nossa própria natureza feminina "selvagem", que nos faz cíclicas e nos traz os mistérios do sangue – menstruação (menarca), gravidez, aborto, parto, menopausa – tão negligenciados e até considerados vergonhosos por parte das mulheres. É preciso reconhecer que existem lugares "virgens" na natureza e dentro de nós mesmas, que são espaços a serem reverenciados e não explorados. É ao nos sentirmos "filhas" dessa Mãe Terra, e ao mesmo tempo suas protetoras, que honramos sua dimensão Sagrada e a de nós mesmas.
2º) Ártemis nos lembra sobre a dignidade de ser uma-em-si-mesma. De ter nosso senso de valor focado na gente mesmo e não centrado em ter um parceiro, falácia a que incorre tantas mulheres.
Ártemis conta da solidão plena de presença quando se está na companhia de si mesma. Ela encoraja a buscar a liberdade de ser, independente do julgamento dos "outros", esse seres muitas vezes abstratos, mas que permitimos reger nossas vidas.
Ártemis fala da beleza do gostar de si, sem soberba ou arrogância, mas com alegria e apreciação.