por Sandra Vasques
"Tenho 15 anos e gostaria de saber, como é que eu falo sobre o assunto mais "tenebroso" que é o sexo, com a minha tia de 42 anos. Já que meus pais são "ausentes"? (enviado por uma leitora)"
Resposta: É importante que os filhos saibam que a maioria dos pais se preocupam sim a respeito do que devem ou não devem falar sobre sexo com os filhos, se cobram para tomar iniciativas e procuram saídas.
E que muitas vezes por não conseguirem se expressar, confiam nas mensagens não tão claras, nem tão objetivas que passam por meio de comentários, ou nas orientações que os filhos receberão na escola, ou nos valores morais e religiosos que transmitiram durante a vida.
É claro que se há uma dificuldade muito grande para conversar sobre sexo, os pais não podem inventar uma disponibilidade. Mas seria muito melhor se ao invés de parecerem desinteressados ou ausentes, fossem diretos. Dissessem aos filhos que sabem que eles devem ter muitas dúvidas a respeito de sexo e relacionamentos, assim como eles próprios tinham quando eram adolescentes, mas por não se sentirem à vontade para conversar, vão dar um livro de presente, indicar sites que eles pesquisaram e confiam, ou que sabem que tal tia, ou prima ficará muito mais à vontade para conversar a respeito. Dessa maneira, mostrarão que valorizam esse aspecto da vida, que sabem que existem dúvidas e consideram importante que os filhos tenham apoio para resolvê-las. Com essa mensagem e essa atitude, se não conseguem conversar, já dão um grande passo.
É realmente um desafio para os profissionais que trabalham com educação sexual, contribuir para melhorar a comunicação entre pais e filhos sobre o tema sexo. Existe uma necessidade por parte dos filhos e por outro lado um temor e uma insegurança dos pais que não sabem se conseguirão atendê-los da melhor maneira. Daí, em grande parte das vezes, o resultado é o silêncio. Mas o jovem vai buscar alguma forma para o esclarecimento da dúvida. Então, é melhor que seja por meio de alguém confiável, como parece ser a tia da garota, mas nem sempre é assim.
Então, como você, que deseja conversar sobre sexo com os seus pais, pode ajudá-los a dar o primeiro passo nessa caminhada?
Você pode encontrar um assunto que mostre que já está interessada, ou quer falar sobre sexo. Pode começar, por exemplo, perguntando como era ser adolescente na época deles, como eram os namoros, e conforme avançam na conversa, pergunte se eles tinham muitas dúvidas sobre sexo e com quem eles conversavam. Isso pode dar uma oportunidade para que eles se deem conta que, como eles tinham dúvidas que queriam muito que alguém esclarecesse, que você deve estar na mesma situação. Isso pode despertá-los ou incomodá-los o suficiente para procurarem um jeito de atendê-la.
Você também pode aproveitar reportagens de revistas, TV e sites para mostrar para eles e tentar puxar uma conversa a respeito e emendar dizendo que seria muito bom poder conversar mais com eles sobre o tema.
Pode pedir como presente um livro sobre sexo, ou que fale sobre dúvidas de adolescentes, que vão dar um recado direto de que precisa de apoio.
É claro que todas essas estratégias são apenas substitutos do caminho que seria o ideal: falar diretamente com os pais que gostaria de ter mais informações sobre sexo e conversar sobre suas dúvidas. Mas, se você está nessa situação de buscar coragem para iniciar uma conversa, é por que provavelmente este não é um assunto muito falado em casa. Ou até é falado, mas o que você ouve não te dá muita coragem para se abrir, por medo de ser interpretada negativamente.
Mas se você percebe uma possibilidade de abertura, então tente começar uma conversa prá sentir o que vem a seguir. Você pode ter uma surpresa bastante positiva.
Mas, caso não consiga esse apoio, não desista, procure alguém de sua confiança, que se mostre aberto à conversa sobre sexo e que ao mesmo tempo mostre respeito por você, como a jovem que decidiu procurar a tia. Daí, para começar, pode ser direto, falando de sua dúvida, ou usar uma das estratégias que já sugeri acima.
Outra alternativa para buscar informações, são os bons sites, como este, que indicam quem são os profissionais ou instituições que oferecem as informações, que devem ser médicos, psicólogos, enfermeiros, entre outros, que você perceba que realmente entendem e se responsabilizam pelo que dizem.