por Patrícia Gebrim
Hoje acordei pensativa. Olhei para a vida e vi um fio tênue suspenso sobre um abismo, pois assim é o viver. Estamos sempre a meio milímetro da queda certa. Basta uma distração, um momento de leviandade, um instante de desconexão, e lá somos lançados a mais uma jornada de aprendizado de vida.
Não que isso seja ruim, afinal é assim que crescemos, que nos tornamos pessoas melhores, que aprendemos a nos tornar mais a nossa essência, menos esse ego meio besta que nos mete em encrencas.
Mas é bom ter um descanso de vez em quando, momentos em que somos sábios o suficiente para nos manter equilibrados, fazendo escolhas saudáveis, amparadas pelo amor que existe em nós. Não é fácil. Requer a força de nos entregarmos a uma sabedoria maior, que paira além dos impulsos infantis que clamam pela satisfação imediata dos nossos desejos.
Entre a nossa genuína intenção de fazer o melhor, e os impulsos egoístas que buscam satisfação imediata, paira nossa consciência, observando quieta num cantinho da nossa existência, nem sempre com força suficiente para se impor.
– Como caminhar na direção daquilo que nos ajude a atravessar essa corda bamba com um mínimo de hematomas? – pergunto a mim mesma.
É preciso fortalecer nossas asas. Nos apropriar da dimensão superior que habita em todos nós, que nos eleva além das dualidades e nos carrega, em segurança, na direção da ação amorosa.
Uma ação só pode ser dita amorosa quando o amor abraça a todos os envolvidos.
Fazer o bem ao outro à custa do próprio mal não é amor. O mesmo se aplica ao inverso. Fazer bem a si mesmo, causando o mal alheio, tampouco é uma ação amorosa.
O ego, prisioneiro que é, inevitavelmente fica perdido nos labirintos da dualidade, sem encontrar o caminho que concilie os aparentes opostos. Apenas a alma é capaz de dar esse passo. Só a alma sabe amar.
Assim, se queremos nos tornar leves, livres dessa corda bamba e capazes de amar, é preciso que nos tornemos as asas que somos.
Fazemos isso dando o nosso melhor a cada situação que se apresente. Dando o passo possível na direção do amor. Não importa o quão distantes ainda estejamos do ponto de chegada. O que importa é que caminhemos na direção certa, que sejamos capazes de perdoar nossos inevitáveis desvios, e voltar sempre ao caminho que nossa alma traçou para nós. Todos somos capazes de escolher, a cada dia, ser um pouco melhor do que no dia anterior. Isso basta, acreditem.
Assim, desejo a todos vocês que estão lendo estas linhas, que hoje consigam ser um pouco mais acolhedores, um pouco mais generosos, um pouco mais sábios, um pouco mais amorosos… E que nos encontremos e sigamos juntos por essa estrada que nos leva ao melhor que existe em cada um de nós, até que sejamos capazes de voar e brincar lado a lado, livres das amarras desta vida tão cheia de arestas.