por Roberto Shinyashiki
A maioria das pessoas acha que para ter sucesso precisa deixar a vida afetiva de lado. Outras pensam que uma vida afetiva saudável depende do abandono da carreira. Infelizmente, há aqueles que acreditam que ter sucesso significa deixar seus valores de lado. Outros acham que para ter muito dinheiro não podem ser pessoas espiritualizadas. À medida que vamos amadurecendo, aprendemos que não precisamos escolher entre uma coisa e outra, mas sim descobrir formas de integrar as várias coisas que nos são importantes.
Você não tem de escolher entre o amor e a carreira. Viva o amor e a carreira ao mesmo tempo! Você não tem de escolher entre o dinheiro e a espiritualidade. Viva a espiritualidade próspera!
Um rei quis presentear um sábio, como gratidão por tudo o que ele havia feito pela família real. Deu-lhe, então, uma tesoura de ouro. Quando o sábio recebeu o presente, confessou:
— Fico muito grato por seu presente, mas preferia uma agulha que costurasse e mantivesse juntos os tecidos. Toda a minha vida eu vivi como uma tesoura, dividindo e separando. Agora quero viver para unir as partes. Quero ajudar os filhos e seus pais a se amar mais. Ajudar as pessoas que vivem comigo a ser mais cooperativas. Estimular os casais a conviverem melhor.
Quando as pessoas restringem suas escolhas a “ou isto, ou aquilo”, estão com uma imensa tesoura na mão, cortando e separando. É melhor assumir a postura da linha e da agulha, unindo, acrescentando, somando pontos; criar união, saber ampliar os horizontes e as possibilidades. Viver com abundância é saber integrar
as várias partes da vida.
Você não precisa descuidar da sua carreira para cuidar do namoro. Um jovem inseguro pode, por exemplo, imaginar que a namorada suprirá as doses de carinho e segurança que os pais deixaram de lhe proporcionar e ficar preso somente ao amor, deixando os outros aspectos da sua vida de lado. Toda relação afetiva é benéfica quando nos dá força para crescer. Mas quando um relacionamento faz a pessoa trabalhar mal, com o tempo ela vai querer que o companheiro também relaxe no trabalho e, dessa maneira, os dois cairão em um abismo, assim como a relação.
Se só pensamos em trabalho e não nos sobra tempo para o amor, isso é sinal de que o trabalho está sendo usado como fuga — provavelmente do medo de amar. Talvez a timidez nos impeça de procurar alguém para compartilhar nosso afeto. O medo da rejeição pode nos fazer optar pela solidão, embora essa nunca seja uma solução razoável. Quando alguém começa a namorar e deixa de lado os amigos, isso é sinal de que esse relacionamento se tornou um esconderijo em vez de proporcionar descobertas e aprendizados em conjunto. Manter os amigos é fundamental para estimular o crescimento do indivíduo.
Finalmente, não há amizade, nem carreira ou relacionamento afetivo que se sustente se não estiver alinhado com a consciência, os valores e a paz interior.
Somente assim poderemos viver em verdadeiro equilíbrio. Quando você escolhe fazer suas travessias de maneira equilibrada, adquire a paz interior necessária para trabalhar todos os aspectos de seu ser. A consciência de que todos os pilares da vida precisam ser arquitetados com esmero e construídos simultaneamente vai, decerto, proporcionar-lhe uma vida mais coerente e feliz. Quando há dedicação somente a uma dessas áreas, a tendência é que você perca o rumo da sua vida.
Imagine uma equipe de rafting formada por oito remadores, quatro de cada lado do bote. Se as duas duplas da esquerda simplesmente deixarem de remar, enquanto os quatro remadores da direita mantiverem sua atividade a plenos pulmões, é certo que o barco começará a girar intensamente e entrará em um parafuso sem fim, rodando como um pião, sem jamais sair do lugar. Quem prioriza apenas um ou dois aspectos da vida e deixa os outros em segundo plano acaba girando no mesmo lugar, como um barco desgovernado. Pense nisso!!!