por Samanta Obadia
Ouvimos reclamações diversas sobre indisciplina, seja nas salas de aula ou em nossas casas. Resta saber se está relacionada à falta de respeito ou à desobediência sem desrespeito.
Indisciplina como desobediência sem desrespeito é a minha colocação diante do mundo, muitas vezes a partir de um pensamento novo; é uma questão de autoridade. E isso é positivo. Essa indisciplina interessa à escola e aos pais.
Entretanto, quando falo de indisciplina relacionada à falta de respeito, estou tratando de uma questão moral, de uma fratura ética que não permite ao aluno reconhecer a importância do lócus do professor e do conhecimento transmitido. Além desta, há também os casos mais comuns de indisciplina, relacionados à falta de autodisciplina, ou seja, à dispersão do aluno.
Disciplina é força de vontade, ou melhor, é ser mais forte que a vontade imediata, é não descentrar do objetivo primeiro. No caso da escola, o de obter conhecimento.
As atrações fúteis e superficiais esmagam as mentes de nossos jovens a cada instante pelas propagandas, na mídia em geral, na TV e na Internet. Na verdade, os jovens são privados da possibilidade de experimentar esta força de vontade. Para que isso volte a acontecer, eles precisam acreditar no ser humano e num futuro a ser conquistado. Os jovens não querem crescer e conquistar a sua independência.
Antigamente, sair de casa era um passo importante para se ter liberdade. Hoje, deixar o lar é perder a liberdade de comprar o que quiser, de juntar dinheiro enquanto é sustentado pelos pais. Será que eles não têm consciência do quanto já ‘tiraram’ dos pais? E por que os pais são tão permissivos? Nostalgia. Como disse o psicanalista Contardo Calligaris, os jovens são ‘adultos em férias’ na casa dos pais.
Aprender a estabelecer limites é tarefa dos pais para que os filhos não sofram com punição na vida adulta, é preferível que ouçam os nossos ‘nãos’ na infância e adolescência.