por Arlete Gavranic e Sylvia Marzano
São diárias as dúvidas que recebo sobre ejaculação precoce. Mulheres insatisfeitas com o desempenho rápido demais de seus parceiros, homens descontentes por não conseguirem controlar sua ejaculação.
Muitas têm sido as definições de ejaculação precoce. Por isso chamei a urologista e terapeuta sexual Dra. Sylvia Faria Marzano que partcipou do Anual Urological Meeting (AUA – 2008), ocorrido em Orlando (EUA).
Ejaculação precoce (EP) afeta cerca de 30% dos homens
Estima-se que a Ejaculação Precoce (EP) afeta cerca de 30% dos homens com mais de 20 anos e que tenham vida sexual ativa. De acordo com 21 profissionais, inclusive urologistas, da Sociedade Internacional de Medicina Sexual (ISSM), a EP ocorre quando, na maioria de seus encontros amorosos, o homem ejacula em no máximo um minuto depois do início da relação sexual.
EP: questão do tempo é relativa
Mas a grande maioria dos terapeutas sexuais acha que não dá para quantificar o tempo que ocorre a ejaculação rápida ou não. "Isso depende muito da parceria, da interação e equilíbrio do casal em sua vida sexual. “Podemos ter uma queixa de EP em um casal onde a parceira demora um pouco a chegar ao clímax, e que nesse casal não exista a possibilidade de se preparar e se excitar, e o homem pode achar que ejacula rápido, pois vai antes dela”, conclui.
Ejaculação precoce e ansiedade
Segundo o urologista Dr. Luiz Otávio Torres, até há pouco tempo atrás, acreditava-se que a disfunção decorria, sobretudo, de problemas psicológicos relacionados à ansiedade. Nessa opinião, o paciente ainda necessita de uma psicoterapia breve, principalmente comportamental, às vezes necessitando também do uso de um antidepressivo com o intuito de aliviá-lo um pouco da ansiedade, para que consiga entender que seu tratamento depende muito de como ele entende a dinâmica de sua vida, e que os efeitos externos de sua vida interferem muito em seu comportamento sexual.
Primeira pílula para ejaculação precoce: dapoxetina
Sylvia comenta que pesquisadores da Universidade de Minnesota (EUA), anunciaram ter comprovado a eficácia e a segurança do primeiro medicamento especialmente desenvolvido para tratar EP. Publicado na revista médica The Lancet, a substância ativa dapoxetina aumenta de 3 a 4 vezes a duração de uma relação sexual. Também é um antidepressivo da família dos inibidores da recaptação da serotonina (SSRI) como os que usamos diariamente, mas que será usado minutos antes de o paciente ter um relacionamento sexual.
Nessa mesma Universidade foram analisados 2,6 mil homens com problemas de EP em grau moderado ou grave que receberam doses de dapoxetina e de placebo. O tempo máximo conseguido com o uso da droga em altas doses – 60mg – foi de 3 min19seg. Os pacientes da pesquisa, dizem ter melhorado a percepção do controle da EP. O uso da droga ainda não foi liberada por vários países do mundo, inclusive não foi liberada nem pelo FDA nos EUA, por isso não está à venda.
É claro que toda pesquisa que promova melhora e ajuda no tratamento da EP será bem-vinda, mas como afirma Sylvia, esse homem também fará uso constante da medicação que, certamente não será isenta de efeitos colaterais como: taquicardia, boca seca, mal-estar geral, como acontecem com outros antidepressivos até que o paciente se acostume com seu uso. Muito ainda se tem a estudar sobre o assunto e devemos lembrar que essa ejaculação – ato fisiológico – vem de uma máquina complexa, cujo funcionamento depende do biológico, do psicológico e do social, que é um todo, que se denomina SER HUMANO. Por isso, é interessante observar que em todos esses estudos, não foi questionado a história de vida sexual e a autoestima desse homem e para os que têm parceria constante, como estava o relacionamento do casal.
Autoestima e autoconfiança
Lembrando que a autoestima e a autoconfiança são questões relevantes para todas as pessoas, mas que gostar de si e confiar em si mesmo é fundamental para um bom conhecimento do seu próprio corpo e um aprender a controlar as sensações para o controle ejaculatório.
Influências de fatores psicossociais
Além disso, é necessário entender a história dessa e de outras dificuldades sexuais; identificar quais os fatores diários externos que poderiam interferir para que o homem tenha acentuada a sua ansiedade e daí uma dificuldade com a EP; se ele trabalha, se gosta do que faz, como é o ritmo e o ambiente de trabalho, se trabalha sob tensão. Outro ponto pode ser o trânsito dos grandes centros urbanos, a violência, dificuldades econômicas, etc.
No caso de homens que tenham vida marital, Sylvia lembra da necessidade de incluir nessa avaliação os seguintes aspectos: como vive esse casal, e a parceira, que tipo de atitudes tem para com o parceiro, é cobradora, estimula ou é do tipo destrutiva? Está disponível para contribuir com a melhora do parceiro?
Como podemos ver, para muitos homens é grande o desejo da pílula mágica que controle a ejaculação. A pílula está testada, mas o risco dos efeitos colaterais e de se ficar dependente de uma droga para se conseguir respostas tão pequenas (como os 3 minutos obtidos na pesquisa) são questões a se pensar.
Autoconhecimento emocional e corporal
A terapia sexual oferece uma solução diferente, autoconhecimento emocional e corporal, técnicas de treino comportamental, trabalhos com as crenças/mitos ou repressões que foram internalizadas, e os resultados têm sido muito interessantes; perto de 95% dos homens melhoram seu autoconhecimento e seu desempenho sexual, ganhando tempos que irão variar de 7,8 minutos até por volta de 15 a 20 minutos. Mas é claro que muitas questões comportamentais e cognições devem ser trabalhadas em conjunto.