por Sandra Vasques
“Quando critico este comportamento, ele diz que é coisa de homem e que sou possessiva.”
Resposta: Sites pornográficos, assim como filmes e revistas com esse mesmo conteúdo, podem ser usados para estimular a fantasia, trazer excitação e permitir que tanto uma pessoa sozinha quanto um casal, tanto homens, como mulheres, possam se divertir e ter prazer sexual. No entanto, quando uma pessoa começa a ter necessidade de recorrer diariamente, ou quase sempre, a sites pornográficos para ter prazer sexual, então deixa de ser um estímulo saudável, algo normal, para ser um comportamento que escraviza e limita. E quando isto acontece com um dos parceiros, afeta consequentemente o outro. E isso parece estar acontecendo com vocês.
Na Internet pode-se encontrar todo tipo de material que pode satisfazer aos inúmeros e diferentes tipos de desejos que as pessoas têm. E não só fotos, mas também nas salas de bate-papo, pelo MSN – em que se pode trocar mensagens instantâneas, também é possível conversar com pessoas que têm o mesmo tipo de interesse e compartilhar fantasias. É o sexo virtual. Antes da Internet, era muito difícil que pessoas tímidas, com problemas para estabelecer relacionamentos, ou com tipos de desejos diferentes da maioria, pudessem encontrar satisfação pessoal. Hoje estas pessoas encontraram um caminho.
Não é raro encontrarmos pessoas reclamando do tempo que o companheiro ou companheira passam acessando a Internet e sites com material erótico. Mas é preciso dizer que não só pessoas que têm problemas desfrutam dos sites, das salas de bate-papo, MSN e sexo virtual. Insisto em dizer que muitas pessoas que se relacionam muito bem no dia a dia, podem recorrer a essas ferramentas de maneira saudável e divertida. Então, o que parece estar acontecendo com seu companheiro é que por alguma razão, nova ou antiga, ele só está conseguindo encontrar prazer no mundo virtual. O mundo real, em que você está e deseja que ele esteja também, parece que não o está atraindo. E isso não quer dizer necessariamente que ele não a ame mais. E sim, que o sexo, da maneira como você deseja que aconteça entre vocês, não é o mesmo que ele tem para te oferecer no momento.
Se era bom antes e ficou diferente, de repente, algo pode ter desencadeado essa fuga para o mundo virtual. Nesse mundo, se pode controlar de maneira muito eficiente tudo o que acontece. Dessa maneira, as pessoas ficam livres de ter que enfrentar conflitos, inseguranças, seus medos e de ter que pensar no outro.
Mas na maioira dos casos em que as pessoas ficam restritas ao sexo virtual, já existia algum tipo de dificuldade anterior, como a de se envolver emocionalmente, misturar sexo e afeto, criar intimidade e estabeler vínculo de confiança com seu par.
Em qualquer uma das possibilidades, se o problema começou agora ou se a dificuldade no relacionamento sexual já era antiga, ele e você precisam de ajuda. Converse com ele. Procure esclarecer se ele ainda tem interesse em manter o relacionamento. Se ele responder afirmativamente, conte como essa ausência dele está te fazendo sofrer. Procure mostrar com dados de realidade, como ele está realmente exagerando e que não é implicância sua. Cite, por exemplo, quantos dias e horas na semana ele passou no computador e quantas passou com você. E pode sugerir que, se ele não consegue se controlar, que procure a ajuda de um psicólogo. Seria um bom caminho para que seu companheiro consiga se libertar e usar a pornografia como uma das possibilidades de estímulo, mas não só como o único e também voltar a se relacionar com você.
Mas antes de terminar, quero falar com você. Talvez seu companheiro não queira ou não consiga mudar seu comportamento. Neste caso, você tem que olhar para a sua vida e para os seus desejos e fazer uma escolha.
Muitas vezes não aceitamos certos comportamentos e atitudes de nossos pares e exigimos que eles mudem para que nós possamos ser felizes. É claro que se o nosso par também tem interesse em continuar junto, pode se empenhar para buscar uma transformação. No entanto, pode não ser exatamente da maneira como gostaríamos. Assim, não coloque toda a responsabilidade de sua felicidade nas mãos de seu companheiro. Analise com cuidado quais são seus próprios limites e possíbilidades nesta situação.
Se o que ele puder te oferecer, não for o suficiente para você seguir feliz, você precisará ter coragem para fazer uma escolha clara. Ou assumir que vai ficar com ele apesar disso, ou vai seguir em frente em busca de outra pessoa que possa corresponder às suas expectativas. Mas espero que vocês consigam encontrar uma alternativa que seja muito saudável para cada um e para o casal.