por Elisandra Vilella G. Sé
A percepção da qualidade de vida ou autopercepção do ajustamento da personalidade do adulto e de idosos tem sido estudada por muitos autores na área de Psicologia. Autores como Allport, 1961; Bühler; 1935; Erikson, 1950; Jung,1933; Maslow; 1968; Rogers, 1961, citados em Ryff, 1989, sempre tiveram interesse pelo assunto.
Na literatura especializada o ajustamento pessoal tem como indicadores o bem-estar subjetivo e o bem-estar psicológico. Para Diener (1984), o bem-estar subjetivo é indicado por satisfação com a vida, por afetos positivos e negativos e por senso de felicidade. De acordo com Ryff (1989) bem-estar psicológico é definindo em termos de competências do self. Ryff (1989). A autora propôs um modelo teórico de motivação central da existência que é a busca de excelência pessoal.
Com base nesse pressuposto e em estudos baseados em autorrelato, a autora definiu um modelo composto por seis dimensões:
1ª) Autonomia
Ter um self determinado e independente, ser capaz de realizar autoavaliações com base em critérios pessoais e capaz de seguir e expressar as próprias opiniões;
2ª) Propósito de vida
Ter objetivos na vida e senso de direção, administrando o passado e o presente, com metas significativas à vida;
3ª) Domínio do ambiente
Ser capaz de administrar atividades complexas da vida, nos âmbitos profissional, familiar e pessoal;
4ª) Crescimento pessoal
Ser capaz de manter continuamente o próprio processo de desenvolvimento, estar aberto às novas experiências, tendência à autorrealização, ao aperfeiçoamento e à realização das próprias potencialidades;
5ª) Autoaceitação
Ser capaz de aceitar a si e os outros, com uma atitude positiva em relação a si mesmo;
6ª) Relações positivas com outros
Manter relações de satisfação, de confiança e de afetividade com outras pessoas.
O senso de bem-estar psicológico é determinado pela interação entre as oportunidades e as condições de vida, a maneira como as pessoas organizam o conhecimento sobre si e sobre os outros e as formas como respondem às demandas pessoais e sociais.
A consciência sobre a existência de um processo de constante deslocamento de metas em relação a objetivos mais elevados favorece o ajustamento e a maturidade individual.
Uma pesquisadora da área, Keyes, realizou uma pesquisa que investigou o bem-estar subjetivo e bem-estar psicológico com 3032 participantes americanos, sendo 48,5% homens e 51,5% mulheres. A amostra foi composta por três grupos de idade: 33,2% adultos (25-39 anos), 46% de meia- idade (40-59 anos) e 20,8% idosos (60-74anos) e relacionando com as variáveis sociodemográficas. A análise dos resultados consistiu num tratamento estatístico que mostrou uma correlação estatisticamente significativa para idade e nível de escolaridade.
O estudo confirmou que adultos com baixo bem-estar subjetivo e elevado bem-estar psicológico tendem a ter maior grau de escolaridade do que adultos com a combinação de baixo bem-estar subjetivo e baixo bem-estar psicológico. Em contraste, adultos e idosos com elevado bem-estar subjetivo e baixo bem-estar psicológico tendem moderadamente a um menor grau de escolaridade do que adultos com a combinação de baixo bem-estar subjetivo e baixo bem-estar psicológico. Adultos e idosos com elevado bem-estar subjetivo e elevado bem-estar psicológico tendem a ter um nível mais alto de escolaridade do que adultos com a combinação de baixo bem-estar subjetivo e baixo bem estar psicológico.
Os autores concluíram que as variáveis idade e nível de escolaridade exercem influência nas combinações de bem-estar, no qual se torna nítido que a idade que o indivíduo possui e o nível de escolaridade estão relacionados de acordo com valores de cada grupo social. Um elevado bem-estar é claramente vinculado à escolaridade e à idade: pessoas de meia- idade e idosos que possuem alto nível de escolaridade são provavelmente mais prósperas na vida e têm melhor percepção da qualidade de sua vida. Portanto, basta saber se para outras culturas e sociedades as correlações dessas variáveis também ocorrem da mesma maneira.