por Patricia Gebrim
Perceba como muitas vezes as pessoas brigam com a vida, num misto de inconformismo e revolta. Outras vezes, as pessoas se entregam e jogam-se ao chão como se a vida os tivesse derrubado devido a um capricho infantil ou por falta de ter algo melhor para fazer.
É difícil encontrar alguém que se proponha a seguir de mãos dadas com a vida. Em geral, queremos resolver "logo", decidir "logo", conquistar "logo", chegar "logo"… e assim corremos o risco de perder o melhor da vida, a própria viagem. Porque se você ainda não sabe, é a viagem que importa, e não aquele momentinho único, mesmo que iluminado, de "chegar lá".
Imagine a subida de uma montanha íngreme. Você já deve ter feito isso. Mochila nas costas, garrafinha de água na mão, filtro solar, tênis especiais (isso se você for desses que se preparam). Bem, começamos a subida. No começo tudo parece lindo, mas após um certo tempo de pedras e obstáculos, após aqueles 80 degraus escorregadios e mal escavados na terra, começamos a nos perguntar o que estamos fazendo lá afinal?!!
Cada passo exige muito de nossa atenção, e mais ainda de nosso coração.
Mas é "lá", naquele aparente sofrimento, que tudo está acontecendo.
É lá, em cada passo dado, que estamos descobrindo nossa força, treinando nossos sentidos, despertando nossa atenção mais profunda. É lá que está a vida possível de ser vivida, a vida real.
Não que não seja bom o momento de conquista de um objetivo. Se você já viveu isso, sabe a sensação maravilhosa que acontece quando você finalmente chega lá, no alto da montanha. Quando se aproxima da beira do penhasco e vê as nuvens brancas e fofinhas passeando bem abaixo de você. Mas – pense bem antes de responder – você acha que sentiria isso se não tivesse passado por cada minuto de desafio naquela trilha? Você acha que a sensação de um atleta que escala uma montanha é a mesma sensação que teria alguém que fosse levado até o topo em um helicóptero rápido, seco, quentinho e confortável?
Eu duvido! A sensação boa de paz e conquista só pode existir quando se está presente em cada etapa da caminhada.
A vida é como essa montanha alta a ser escalada. No decorrer da subida sempre encontraremos, aqui e ali, um lugarzinho mais confortável para descansar, uma flor rara para admirar, uma água fresca e corrente que sacie nossa sede. Mas há também pedras que se soltam, trilhas que nos confundem, escaladas que nos cansam a ponto de termos vontade de desistir.
Se a sua vida estiver desafiando você ultimamente, não caia na armadilha de sentir-se perseguido por uma força estranha que não tinha nada melhor a fazer a não ser infernizar você. Procure perceber que os momentos onde mais somos desafiados são os momentos nos quais podemos descobrir e nos apropriar de nossa própria força. E isso ninguém, nunca, poderá tirar de você.
Talvez essa seja a razão pela qual tantos atletas guardam em lugares especiais as suas medalhas. Cada medalha é a lembrança de um momento de conquista, crescimento e superação.
Se você já passou por momentos assim, guarde-os em sua memória como se fossem medalhas douradas. E olhe para elas de vez em quando, nos momentos em que estiver duvidando de sua capacidade de enfrentar desafios. Olhe para trás e veja quantos desafios já enfrentou!
E se você estiver em meio a um desafio agora mesmo, mantenha-se centrado, respirando fundo, observando cada passo, conectado e fazendo o seu melhor no momento presente. Com certeza você descobrirá em você capacidades que antes não imaginava possuir. Não caia na armadilha de sentir pena de si mesmo. Continue em frente, mesmo que seus passos sejam lentos.
Dê um passo por vez, um único passo por vez… experimente abrir mão da necessidade de controlar a sua chegada e foque-se no momento único no qual você pode viver. Agora mesmo.