por Patricia Gebrim
Com certeza você se sente culpado às vezes. Eu gostaria de ajudar você em momentos assim. Pra começar, sugiro que você preste atenção no que acontece com seu corpo quando se sente culpado.
Com algumas variações, você vai perceber que a culpa aperta o nosso peito, nos tira o ar e geralmente fica lá como um espinho fincado em nossa pele, incomodando e fazendo de tudo para que não a esqueçamos. A culpa gosta de nos acompanhar e detesta ser esquecida. Aparece principalmente nos momentos em que poderíamos ter prazer. Afinal, como poderíamos nos permitir ter sentimentos como alegria, leveza e satisfação, nem que seja por alguns momentos?
A culpa em nós acredita que devemos ser punidos e chama isso de justiça. E é assim que a culpa, "sem culpa", nos faz sentir mal, como se assim apagasse o erro cometido. A culpa anda sempre com um chicote nas mãos, e nos açoita para que nunca nos esqueçamos dela. Mas de que adianta isso? De que adianta ficarmos nos sentindo mal? De que adianta nos punirmos, nos negarmos o prazer? Para tornar nossa vida infeliz?
Quer saber? Não adianta nada! Só piora as coisas ainda mais.
Vamos pensar juntos em alternativas ao "chicote"? Que tal? Para começar, vamos definir dois tipos de culpa. A CULPA IMAGINÁRIA e a CULPA REAL.
Culpa imaginária
Eu já falei, em artigos anteriores, sobre o nosso Eu Mascarado – clique aqui e leia. Aquele Eu que tenta, a todo custo, ser perfeito para o outro. Se você prestar atenção, perceberá que muitas das culpas que sentimos devem-se a esse Eu Mascarado, e não são culpas reais, e sim imaginárias. Toda vez que você se sente culpado por não ter sido "perfeito", por ter "errado", por ter "falhado" para o outro, você está vivendo uma culpa imaginária. Vou dar alguns exemplos para ficar mais claro.
Quando você se sente culpado por que está se divertindo, enquanto sua mãe está sozinha em casa, essa é uma culpa imaginária. Você tem o direito de se divertir e ter a sua própria vida. É o seu Eu Mascarado que não consegue lidar com a sensação de frustrar o outro, e que coloca os outros sempre em primeiro lugar. É claro que se a sua mãe estivesse verdadeiramente doente, ou se você abandonasse um filho pequeno em casa, sozinho, seria diferente!.
Quando você se sente culpado por ter cometido um erro em sua primeira semana de trabalho, essa é uma culpa imaginária. Você precisa de tempo para se adaptar, e mesmo assim, cometerá erros algumas vezes. É o seu "Eu Mascarado" que acha que você deve ser "perfeito".
Quando você nega uma carona a um amigo porque estava muito cansado para levá-lo ao outro lado da cidade, e se sente culpado, essa é uma culpa imaginária, que brotou da necessidade de seu "Eu Mascarado" ser sempre "bonzinho".
Assim, aprenda a reconhecer as culpas imaginárias e LIVRE-SE DELAS! Você nunca conseguirá ser perfeito, ou aceito por todas as pessoas. Você precisa se permitir ser simplesmente quem você é, e aceitar que isso inclui alguns erros – como crescer sem eles?.
Culpa real
Diferentemente da culpa imaginária, a culpa real é aquela que sentimos quando de fato fizemos algo que causou mal a algo ou alguém. É resultado de nossas distorções (todos as possuímos), de nossa ignorância, de nossa cegueira. Muitas vezes, intencionalmente, ou não, acabamos tendo atitudes que ferem outras pessoas, ou outros seres vivos, ou o planeta.
Uma culpa real, por exemplo, é a que sentimos quando nos descontrolamos e agredimos alguém, verbal ou fisicamente.
Ainda que a culpa que estejamos sentindo seja real, de nada adianta nos sentirmos mal, de nada adianta ficarmos nos ferindo, nem mergulharmos nessa sensação de que "eu não sou bom". Se você sente uma culpa real, o melhor que tem a fazer é trocar a palavra "culpa" por "responsabilidade". Afinal, somos responsáveis por aquilo que criamos.
Assuma a responsabilidade
Caso você tenha de verdade ferido alguém, assuma a responsabilidade e pense se pode fazer algo para reparar o que fez. Um pedido de desculpas, uma atitude de reparação… sempre podemos fazer algo. Mesmo se a pessoa já não estiver viva, ainda assim podemos fechar nossos olhos e dizer a ela, em nossa mente, o que quisermos.
A partir do momento em que você conseguir fazer isso, a partir da sua essência e da sua verdade, simplesmente siga em frente.
Talvez a pessoa o perdoe, talvez não. Você não terá controle sobre a outra pessoa. Mas poderá refazer as escolhas na SUA vida, e é isso o que importa. O que importa é você ser capaz de aprender e crescer ao assumir responsabilidade por seus pensamentos, sentimentos e atitudes. Assim, você poderá optar por caminhos diferentes, mais harmoniosos e amorosos. Assim, você terá de fato se tornado alguém mais sábio e melhor.
Se você for corajoso o suficiente para fazer isso, com certeza receberá luz suficiente para ajudá-lo a dissolver qualquer culpa que ainda reste em você.
Quer ver? Pense em uma culpa que você ainda carregue. Se for uma culpa real, pense em uma maenira de repará-la. Feito isso, feche os olhos, respire fundo e imagine uma luz de perdão envolvendo essa culpa que oprime seu peito. Continue respirando, e sinta-a se dissolvendo, e indo embora junto com o ar.
Experimente. Liberte-se. Sem culpa.