por Alex Botsaris
A palavra xamã vem de "saman" palavra usada por tribos da Sibéria para designar seus feiticeiros. Essa palavra foi proposta por antropólogos para designar todos aqueles que utilizam poderes mágicos para a cura em diferentes paises. Alguns acreditam que o termo tenha sido criado no Tibet, derivado do sânscrito "sramanna" que significa "derivado dos espíritos" e assim atingido as aldeias das planícies siberianas.
Antropólogos designaram esse nome porque existem muitas semelhanças nas funções e recursos usados pelos xamãs em diferentes populações e sociedades, como os esquimós, os índios norte americanos e as tribos da Sibéria. Na concepção do xamanismo, a doença é causada por problemas espirituais, e o espírito precisa ser curado para que a doença física interrompa seu curso. Já os meios de tratamento, que incluem rituais e encantamentos, são vistos como instrumentos para usar as forças curativas da natureza, incluindo o de plantas medicinais que atuam no corpo e no espírito para se livrar do mal.
Nos rituais em geral os pacientes tomam plantas, com efeito alucinógeno, e em estado modificado de consciência, são estimulados pelos pagés a visualizar a simbologia do mal que os acomete. Em seguida, uma série de rituais para eliminar o mal do organismo são feitas, com intuito de gerar a vivência que o mal foi eliminado. Esse processo pode durar horas ou dias.
Há um movimento de resgate do xamanismo, chamado de "neoxamanismo". São escolas e centros de estudo onde os conhecimentos de algumas tribos indígenas são ensinados visando a formação de xamãs modernos. O local onde o neoxamanismo brota de forma mais consistente é nos Estados Unidos, contudo podemos encontrar já grupos com pensamento semelhante no Brasil.
Vale considerar que os nossos pagés também realizam rituais xamânicos que são muito semelhantes ao dos índios norte americanos, e são os antropólogos os principais difusores desse conhecimento.
Alguns episódios foram amplamente divulgados na mídia e colocaram os rituais xamânicos em evidência. Um deles foi a experiência do antropólogo Carlos Castanheda com um xamã mexicano, exposta em vários livros que entraram na moda na década de 80. Tivemos o caso do naturalista Augusto Ruschi, que após ser envenenado por sapos da Amazônia submeteu-se a uma pagelança comandada pelo cacique Raoni e o Pajé Sapain. Na época Ruschi, desiludido com a medicina, disse confiar mais na capacidade de curá-lo dos pagés.
Ao se concentrar na questão espiritual, o xamanismo toma um rumo que o distancia muito da medicina e dificulta que seja estudado pela ótica científica. Cerca de 140 estudos científicos foram publicados em revistas médicas citando a palavra xamanismo, a maior parte voltada ao aproveitamento de plantas medicinais que os xamãs costumam usar durante os rituais. Algumas das plantas usadas pelos Índios têm se mostrado efetivas em diversas doenças – como o curare, hoje em dia usado para relaxar a musculatura dos pacientes durante cirurgias.
Entretanto, os xamãs são muito eficientes em desencadear o que chamamos de efeito placebo. Ou seja, as forças curativas do próprio organismo, que tem explicado curas fantásticas de casos que vão desde câncer até doenças auto-imunes. Vale a pena entender melhor da importância dos rituais no processo de cura, um aspecto da medicina que ainda é quase inexplorado.
A esperança é que, com o surgimento do movimento do neoxamanismo, haja mais investimento e mais interesse em pesquisar esse conhecimento milenar, que se perde na história da humanidade.
Atenção! Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento