por Arlete Gavranic
A vida sexual das pessoas pode ser prejudicada devido a um quadro depressivo. Diagnósticos de depressão têm em geral indicação de tratamento medicamentoso. Mas os antidepressivos podem provocar perda da libido como efeito colateral, o que pode reforçar o estado deprimido do paciente com a sensação de “eu nunca consigo”.
O pior é que, como certos antidepressivos agravam o problema sexual, com receio de se tornar incompetente sexualmente, ou pelas pressões do parceiro, muitos pacientes abandonam o tratamento da depressão, podendo intensificar o quadro. Depressão e disfunção sexual acabam formando, portanto, um perigoso círculo vicioso.
A definição clássica de libido é: “Instinto ou desejo sexual, energia que move nossos instintos de vida”. Basicamente o que se pode dizer é que uma pessoa acometida de depressão pode perder o interesse por quase tudo, por quase todo o tempo. Ela deixa de gostar do que mais gosta, seus afetos ficam embotados, a autoestima fica prejudicada a ponto de se julgar uma pessoa incapaz de fazer as coisas mais cotidianas do seu dia-a-dia. E é claro que também se desmotiva e se julga incapaz de se relacionar intimamente com alguém.
Uma das descrições que podemos fazer do depressivo, é que ele fantasia demais o quanto é bom, o quão prazeroso será o amor ou a pessoa que ele irá encontrar… Mas o estado depressivo faz com que ele fique só na fantasia e não vá à luta, para efetuar essas conquistas. Essa paralização faz com que ele se frustre por não ter ido realizar seus desejos e mais uma vez retroalimenta a depressão.
Outro fator é que o depressivo pode negar a sua necessidade de amor, e para compensar esse afeto não realizado, cerca-se de outras conquistas como bens, dinheiro, aventuras, poder ou fama.
O medo de entrar em contato com o vazio existencial, pode fazer com que algumas pessoas desenvolvam atitudes que evitem o contato com o ‘sentir’, o pensar… Muitas agem compulsivamente, bebendo, dirigindo, trabalhando, assistindo televisão, ocupando seu dia para não ter tempo de ‘sentir’, diminuindo a chance de tentar fazer algo por si, pois teme a frustração.
A depressão quando tratada e bem conduzida, resulta em crescimento pessoal e busca de mais sentido à vida, incluindo o prazer de um relacionamento e de uma vida sexual satisfatória.
Para isso ocorrer, a terapia deve ser, quando necessária, acompanhada de medicação, que só pode ser indicada por um psiquiatra, principalmente em casos de depressão crônica.
Terapia envolve custos e soma-se a isso, a escassez dessa assistência nos serviços públicos. Sugiro que as pessoas procurem as clínicas das faculdades de psicologia e psiquiatria que costumam oferecer esses serviços gratuitamente.
É preciso reconhecer que a depressão é uma doença e deve ser tratada adequadamente, para que os prazeres pessoais (inclusive o sexual), sejam resgatados.