por Carminha Levy
No artigo anterior – clique aqui – brincamos um pouco com os animais, nosso grande guardião a quem devemos honrar diariamente e de onde provém a energia vital na nossa porção animal humano. Hoje iremos conhecer uma versão mais erudita sobre alguns animais, sua mitologia pessoal.
Comecemos pela Águia considerada pelos índios norte americanos a “rainha das aves” e que siginifica o Poder do Grande Espírito, a conexão com o divino, por possuir habilidade de viver no reino espiritual ao mesmo tempo que permanece em conexão e equilíbrio do reino terrestre. Na América do Norte ainda toda a força da Águia foi incorporada à nação que a elegeu como a representante do seu país – o seu símbolo.
Nas culturas norte asiáticas era o pássaro iniciador que arrastava consigo a alma do xamã através dos espaços invisíveis. Para os siberianos ela substitui diretamente o sol e sua aparição em sonhos é sinal de vocação xamânica. É considerada também pelos caçadores, como pai do xamã, pois trouxe a consciência a mando do Ser Supremo. Rejeitada pelos homens ela copula com uma bela mulher: a liberdade e nasce assim o primeiro xamã.
Três palavras que poderiam defini-la: Emblema Solar, Consciência e Pai de Xamã.
Leão
Os povos da África, Ásia e Europa escolheram o leão para representar os atributos da divindade. No Egito a deusa Sekhet tem uma cabeça leonina como também as deusas tibetanas Ka-gro-Mha. Entre os gregos, quatro leões atrelados a carruagem de Cibele conduziam esta Mãe Terra que oferece ao homem todos os bens que a terra produz..
Na Pérsia o Leão era um dos animais sagrados do culto de Mitra: o sol invencível, que era representado com uma cabeça de leão no corpo humano. Na Índia diz o Bagavad Ghita, que Krishna é o leão entre os animais..
Na China o poder do animal é freqüentemente associado à figura do dragão.
No Japão, o culto xintoísta faz dançar no primeiro dia da primavera a dança do leão (três homens cobertos de pano e outro ostentando a máscara vermelha com a cabeça do leão. Essa dança afugentaria os maus espíritos.
As palavras que poderiam defini-lo: Liderança, Sacralidade e Poder.
Serpente
Desde os primeiros registros mitológicos, a serpente aparece como um símbolo de energia e consciência imortais, engajadas na esfera do tempo. Representa o ciclo de morte e renscimento, imagem da totalidade da vida o que reflete aliás na sua presença em provocar tanto fascinação quanto horror. Nas grandes religiões pré-cristãs ela era emblema solar, mas também associada ao culto lunar mais antigo ligado à Grande Mãe. Pois o poder de abandonar de tempos em tempos a sua pele, ganhando uma nova a iguala a lua que se desfaz regularmente de sua sombra, periodismo esse que rege a fertilidade feminina, a colheita e o cultivo da terra.
Os mitos da Serpente Solar Ahi Budhnya e do deus do fogo Agni estão registrados no Vedas Indianos. Essa ambigüidade lhe deu o caráter de mediadora dos deuses e do conhecimento (Eva e a Serpente), tornando-se agente oracular, intérprete divina por excelência.
Na Grécia, os mistérios Elêusis, rituais secretos de Deméter, deusa cretense da agricultura – a Grande Deusa, incluíam representações de serpentes. A Serpente está também associada ao eterno retorno, o ciclo de mortes e renascimentos, e na Grécia ela aparece também como o símbolo do arco-íris, que vai reaparecer nas tribos aborígenes australianas, culturas africanas e ameríndias.
Na Índia nos dias atuais a serpente é um animal sagrado como também no Candomblé, culto afro-brasileiro onde é proibido sacrificar cobras. Porém, o mais forte símbolo da serpente é o que aparece no caduceu de Hermes deus da cura e que se perpetua nos dias atuais no símbolo da medicina.
As palavras que podem defini-la são: Regeneração, União dos Opostos, Morte e Renascimento e Medicina.
A riqueza sobre os animais e sua mitologia é infindável e talvez ampliar o nosso conhecimento sobre eles nos ajude a ter mais consciência do nosso papel como animal humano que tem obrigação Moral de estar a serviço da Mãe Terra e de sua cura e regeneração. Axé na Luz!