por Emilce Shrividya Starling
Para o fortalecimento da mente é muito importante praticar yoga. Não pense que yoga é algo estranho ou difícil. Yoga é estar focado na ação, presente no que está fazendo.
Em nossos afazeres cotidianos como cozinhar, dirigir um carro, ler, estudar, escrever, assistir um filme, temos que estar focados, sentados em determinada postura e respirando. Isto é yoga.
Patanjali, um grande sábio da Índia, escreveu os Yoga Sutras, um tratado que é verdadeira psicologia. Ele entendia a mente completamente e alcançou o total controle sobre ela. Em seus Yoga Sutras, Patanjali explica o que é a mente, como ela nos perturba, o que podemos fazer para controlá-la e o estado dos seres que dominaram a mente.
No segundo Sutra, ele descreve o que é yoga: “Yoga é o aquietar das vrittis (modificações) da mente.” (vrittis é uma palavra em sânscrito que significa modificações).
Patanjali não diz que temos que parar a mente ou destruí-la. Ele explica que não é a mente que nos tortura e sim essas modificações. Elas são ondas de pensamentos e sentimentos que deixam a mente agitada e inquieta.
Ele diz que a mente tem cinco tipos de modificações, que podem ser dolorosas ou não.
As modificações dolorosas surgem por causa da ignorância, da agitação, da infelicidade e dos contínuos movimentos da mente para o exterior. As modificações não dolorosas surgem da experiência da meditação ou da concentração, quando a mente se volta para dentro.
Essas cinco modificações são:
• o conhecimento correto
• o conhecimento errôneo
• a fantasia
• o sono
• a memória
Vamos falar um pouco de cada uma para entendermos um pouco mais sobre a mente e aprender assim a lidar melhor com ela.
O conhecimento correto surge da percepção direta que traz o conhecimento da Verdade interior. Essa percepção direta é desenvolvida pela prática de voltar a mente para dentro. É a conexão com o Ser interior, que nos revela a Verdade: “Eu sou uno a Deus, que mora em meu interior”. É também o conhecimento derivado das escrituras, dos ensinamentos sábios de grandes Mestres.
O conhecimento errôneo é “uma falsa concepção de algo cuja forma real não corresponde a tal concepção”. Essa é a pior de todas as modificações. Dela surge o medo de morrer, a dúvida, o ciúme. Por causa desse conhecimento errôneo uma pessoa sadia acha que está doente, uma pessoa com uma mente sã se torna desequilibrada mentalmente. No Vedanta, uma escritura indiana, essa modificação é explicada pela pessoa que vê uma corda e grita de medo achando que é uma cobra.
A terceira modificação é a fantasia ou a imaginação. O conhecimento errôneo é sustentado pela imaginação que cria medos infundados. A pessoa vê uma pilastra na rua, mas imagina que é um ladrão e corre com medo. Outra pessoa tem pânico por causa do elevador, pois imagina que pode morrer por falta de ar.
O sono, que é a quarta modificação, significa também a ignorância ou falta de conhecimento da verdadeira Realidade. Não significa apenas dormir, mas também o estado em que a pessoa está iludida pelo mundo, distraída, sem buscar nem aprender os sábios ensinamentos espirituais.
Segundo Patanjali, a quinta modificação, a memória “não é nada senão as impressões das outras quatro modificações que não deixamos escapar”. São as mágoas de brigas e conflitos guardados na memória. As pessoas continuam remoendo e sofrendo com lembranças passadas e dizem que não podem esquecer e que isso as perturba.
Depois dessas explicações de Patanjali, podemos entender que nossas aflições são criadas por essas cinco modificações. Enquanto elas não se aquietarem, agimos de acordo com nossas tendências mentais e sofremos.
Como elas podem ser aquietadas?
Nos Yoga sutras, Patanjali nos ensina: “pela prática intensa e pelo desapego, elas podem ser tranquilizadas”.
O desapego verdadeiro vem da renúncia do sentimento de dualidade, dos preconceitos, da raiva, do ódio, do sentimento errôneo de se achar um pecador e da culpa.
Quando as práticas espirituais como a oração, a meditação, são praticadas, por muito tempo, com devoção e constância, essas cinco modificações são aquietadas e podemos ser mais pacíficos e felizes.
A repetição do mantra Om Namah Shivaya (Eu honro Deus que habita em mim) ou So “Ham (Eu sou uno a Deus) ajuda a aquietar a mente e nos conectar com o Ser interior, fonte de toda luz e sabedoria.
Leia aqui baixo os artigos que escrevi sobre como meditar com esses mantras e pratique, por muito tempo, com regularidade e entusiasmo, e com certeza, muitos benefícios virão dessas práticas. Fique em paz. Deus em mim saúda e reverencia Deus em você!