por Jocelem Salgado
A grande maioria das pessoas que fuma já pensou em deixar de fumar e, a maioria delas, já tentou abandonar o cigarro pelo menos uma vez. Muitas já se cansaram de tantas campanhas e, a cada campanha se sentem um pouco mais frustradas. É como se todos estivessem repetindo, nos seus ouvidos, que todos já conseguiram abandonar o cigarro e que todos vão se salvar, menos elas.
Não é uma boa sensação, essa de se sentir o único incapaz de abandonar um vício. Aliás, a sensação não é boa, nem é positiva, nem ajuda. Nem é verdadeira. Os próprios números da Organização Mundial da Saúde apontam um crescimento de fumantes, a cada ano. Quem fuma e está tentando deixar de fumar, precisa de parceria, de companheirismo, de solidariedade, não de cobranças, nem de ameaças.
Não pretendo repetir, nesse meu artigo, todos os danos que o fumo provoca, porque tudo isso vocês já sabem. E os que fumam, sabem mais que ninguém, a dificuldade de se abandonar esse vício.
Pois minha intenção é falar desse problema por outro ângulo, que não trate o fumante como culpado, como se ele fosse alguém que insistisse no vício apenas porque quer o seu próprio mal.
O que as pessoas que não fumam esquecem é que a maioria dos fumantes gostaria de deixar o cigarro, mas não o fazem porque não conseguem. Não são irresponsáveis, sem falta de vontade, simplesmente são dependentes, e a dependência é uma doença que, como qualquer outra, precisa de tratamento.
A dependência do cigarro, para quem não sabe, é a mais difícil das dependências. E para quem não sabe, já há medicamento que contribui em muito para o abandono do cigarro, mas custa caro e ainda não está disponível na rede pública de saúde.
O cigarro faz mal e pode matar, isso todo mundo sabe. Mas como fazer com que nossos filhos não se iniciem nessa prática, e como ajudar quem já está dependente a deixar o cigarro?
Para as gerações de adolescentes que ainda não se iniciaram no cigarro, talvez a principal prevenção seja a proibição da propaganda.
Para aqueles que ainda não começaram a fumar, é importante encontrar uma estratégia para convidá-los a pensar a respeito dos riscos do cigarro. Na minha opinião, e na opinião de muitos especialistas, simplesmente cobrir os maços de cigarro com ameaças terríveis não surtem resultados algum. Os jovens se sentem distantes daqueles males todos, e não vão fugir de experimentar um cigarro ou outro.
O governo sabe muito bem quanto está gastando com as pessoas que caem doentes vítimas do cigarro, por câncer do pulmão, cirrose e doenças circulatórias. Se investisse apenas uma parte desse dinheiro em prevenção – e no estudo das estratégias de prevenção – poderia ter um retorno gigantesco em dinheiro e em saúde.
Para as pessoas que já são fumantes e dependentes, vale lembrar algumas dicas, especialmente para aqueles que estão dispostos ou pelo menos manifestam sua intenção de parar de fumar. É preciso lembrar que a maioria das pessoas não para de uma vez. As recaídas podem ser muitas, mas o importante é manter a vontade de parar.
Não se esqueça que você está enfrentando um dos maiores desafios de sua vida, e que esse esforço merece todas as atenções e cuidados. Sinta-se como alguém que está precisando ser cuidado, e dedique essa atenção a você mesmo.
Se todo esse desafio parecer a você muito difícil, pense que você está enfrentando apenas a primeira etapa da luta contra a dependência do fumo. Se não conseguir passar por ela, não se assuste, não se desespere, nem se desanime.
Dicas para largar o cigarro
É preciso ter em mente que o cigarro é a dependência mais difícil de abandonar.
Determinar um dia para abandonar o cigarro. Não escolha um feriado ou final de semana, o que tornará o começo mais difícil.
Há quem opte por diminuir o número de cigarros por dia, ou escolha marcas supostamente mais leves. Seria uma maneira de tentar diminuir aos poucos as necessidades de nicotina do organismo, o que pode funcionar para alguns, e não funcionar para outros.
Procure evitar os locais que estimulam a sua vontade de fumar, como a roda de amigos ou a bebida do final de noite.
Se tomar o cafezinho sempre vem acompanhado da vontade de acender um cigarro, tente evitar essa situação.
Se comer e beber em determinado lugar aumentam sua vontade de fumar, procure evitar esses lugares.
Reduza a ingestão de café, de chás e de bebidas alcoólicas.
Procure se preparar para os efeitos da abstinência. Quando parar de fumar, você ficará mais irritado, terá mais fome e poderá sentir ânsia de vômito pela ausência da nicotina. Vai sentir tanta fome que seu peso aumentará. As dificuldades serão muitas, mas a cada dia, a cada semana, você sentirá mudanças no seu organismo.
Procure iniciar uma vida mais saudável.
Tente relaxar, ouvindo música, conversando com as pessoas que você gosta, assistindo seu vídeo preferido, fazendo caminhadas ou, se puder, procurando um massagista ou um acupunturista.
Procure se manter ocupado, especialmente quando sentir uma grande vontade de fumar: vale caminhar pela quadra onde mora, arranjar os livros da estante, rever álbuns de fotos ou cuidar do jardim.
Você tem ainda o recurso dos medicamentos, que a cada dia se prestam mais a ajudar os dependentes da nicotina.
Cuidado com as recaídas!
Quando perdemos alguém querido, passamos por dificuldades financeiras, problemas no trabalho, rompemos um relacionamento, a resposta automática pode ser o cigarro. Procure se acalmar e entender que momentos difíceis sempre vão ocorrer e fumar não vai resolver seus problemas!
Se às vezes sentir muita vontade de fumar você poderá escovar os dentes a toda hora ou comer uma fruta. Mantenha as mãos ocupadas com um elástico, pedaço de papel, rabisque alguma coisa ou manuseie objetos pequenos. Não fique parado – converse com um amigo, faça algo diferente, distraia a sua atenção. Saiba que a vontade de fumar não dura mais do que alguns minutos.
Pare de fumar e emagreça
Mantenha uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes, fibras e produtos à base de leite.
Evite comidas gordurosas e mesmo carnes vermelhas em excesso.
Tome muito líquido, de preferência sucos sem açúcar. Faça exercícios físicos, mantendo, se possível, uma média de movimentos moderados de 50 minutos, três a cinco vezes por semana.
Os benefícios que ocorrem no organismo a partir do momento que se abandona o vício.
Após 20 minutos
A pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal
Após 2 horas
Não há mais nicotina circulando no seu sangue.
Após 8 horas
O nível de oxigênio no sangue se normaliza
Após 12 a 24 horas
Seus pulmões já funcionam melhor
Após 2 dias
Seu olfato já percebe melhor os cheiros e seu paladar já degusta melhor a comida
Após 3 semanas
Você vai notar que sua respiração se torna mais fácil e a circulação melhora
Após 1 ano
O risco de morte por infarto do miocárdio já foi reduzido à metade
Após 5 a 10 anos
O risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram