Entenda como respirar pode regenerar células do organismo

por Nicole Witek

Já sabemos! Foi repetido tantas vezes! Mas parece que a maioria vive como se ignorasse esse fato. De fato, quem se preocupa em respirar, fora os adeptos de yoga?

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Portanto, mesmo no meio dos yogis do Ocidente, raros são as pessoas que são conscientes de todas as implicações das técnicas de respiração e principalmente dessas para regenerar o organismo. Ainda mais raro, é ver pessoas que as que o implementam no seu dia-a-dia.

Geralmente, considera-se que a respiração serve unicamente para abastecer em oxigênio e expulsar o CO2 (gás carbônico), etc.. Evidentemente, que isso não está errado mas, espero eu, que os adeptos de yoga respiram profundamente e conscientemente, no mínimo no decorrer das sequências de yoga. Alguns também pensam nisso durante o dia, e de vez em quando, interrompem suas atividades para ventilar seus pulmões. Outros se oferecem a verdadeiras sessões cotidianas, e isso e fantástico, porque sem dúvida nenhuma, isso contribui à saúde psicossomática.

Mas existem lados desconhecidos dessas técnicas, que se tratam especificamente da regeneração positiva do organismo: um verdadeiro rejuvenescimento na profundidade do organismo.

Essa meta não é um luxo e nem leviana. Trata-se de um dever de cada um de nós, no sentido mais literal da palavra.

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Envelhecimento respiratório

No meio dos estudiosos da senilidade – que é mais uma doença do que uma fatalidade – geralmente se ignora as modificações respiratórias que a idade habitualmente acarreta. De fato, na medida em que envelhecemos, se altera a capacidade respiratória. Gradativamente, a capacidade vital diminui. A capacidade plena é por volta dos 19-20 anos, mas com 80 anos essa capacidade vital diminui para menos que a capacidade de um menininho de 8 anos. E fica pior ainda quando se fala do volume de ar por minuto.

Isso não é fatal não! Podemos graças às técnicas de yoga, reverter esse processo.

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A idade altera a nossa capacidade vital, altera o volume de ar/minuto, mas, se restauramos o “modelo“ respiratório da juventude, o corpo inteiro será regenerado. Isso não é uma promessa e pode ser verificado nos fatos.

A capacidade vital depende, em maior parte, da abertura do tórax e também do estado do tubo digestivo. Se o tórax estáa gradativamente encolhido por falta de exercício físico e por falta de uma respiração yogica – chamada também de pranayama, isso reduz de maneira estupenda a capacidade respiratória.

Principalmente se o tubo digestivo estiver inflado, pois limita as possibilidades de movimentos do diafragma no tórax e pode até bloqueá-lo – isso não é raro.

O volume por minuto, depende diretamente da capacidade vital e da flexibilidade ou, para ser mais exato, da falta de flexibilidade do tórax e do tecido pulmonar.

Isso explica porque aos 80 anos, ele atinge só 2/3 do que era na “idade” de 8 anos, mesmo que a capacidade vital esteja só reduzida em 10%.

Podemos propor um programa de exercício adequado e será necessário:

a) Abrir a caixa torácica;

b) Flexibilizar a caixa torácica;

c) Devolver a mobilidade ao diafragma;

d) E, finalmente, fortalecer o diafragma, já que essa musculatura é uma das mais importantes do corpo.

Como as emoções influenciam a respiração

Um outro fator crucial é a frequência/minuto da respiração. Normalmente, sem modulações devido à idade da pessoa, ela oscila entre 16 e 18 respirações/min. A grosso modo são 1.000 por hora ou 24.000 por dia; não nos damos conta, mais é assim…

Podemos observar diferenças importantes no ciclo respiratório em decorrência das emoções… Quando as emoções são agradáveis, a respiração se torna mais lenta e a frequência por minuto diminui. Em casos de emoções desagradáveis ela fica acelerada (medo, raiva, etc.). Mas, de maneira estranha, essas duas fases não são modificadas da mesma forma: a duração da inspiração fica igual, e o que muda é o tempo da expiração.

As emoções negativas influenciam principalmente a expiração, e o simples fato de imaginar que está sentindo uma emoção positiva, mesmo que sem a sentir plenamente, modifica favoravelmente os padrões respiratórios.

Isso é importantíssimo para as pessoas estressadas. Em situações pesadas é muito difícil escapar das emoções negativas, mas é possível limitar seus efeitos negativos sobre a respiração, e por consequência, sobre a totalidade do organismo. A ideia é modificar voluntariamente os padrões da respiração para se aproximar dessas emoções positivas e assim atuar de verdade sobre o clima emocional.

Mesmo sabendo que “não se manda nas emoções”, cada um pode, quando for necessário, modificar a sua respiração. Bastar pensar e querer. Em caso de ansiedade, por exemplo, antes de entrar em um palco uma pessoa pode relaxar, suspirar devagar várias vezes, e assim dissolver 90% do estresse…

Experiências

Foi constatado que as representações mentais de emoções negativas ou positivas influenciam a mobilidade do diafragma. Um aumento de 8 cm corresponde a um aumento de mais ou menos 2 litros do volume de ar inspirado, o que é muito!

Uma respiração lenta e profunda aumenta a taxa de endorfinas (os hormônios de bom humor). Isso se reflete também no funcionamento de muitos órgãos e no nível de bem-estar geral, fisiológico e mental.

A respiração profunda dissolve a ansiedade e o estresse, cujos efeitos negativos são inibidos no organismo. Estudos mostram que a respiração yogica profunda tem os mesmos efeitos de bem-estar psíquico proporcionados pela heroína… Sem os efeitos tóxicos.

Ainda mais, a endorfina abre os vasos no corpo todo, e favorece a saúde do sistema cardiovascular. Finalizando, essa endorfina propicia uma melhor qualidade de sono: mais reparador e mais profundo.

A respiração yogica lenta e profunda se torna um “euforizante” natural que, ao contrário das drogas químicas, não permite ultrapassar a dosagem permitida, porque nunca podemos respirar “bem em excesso”. O máximo que pode acontecer é expelir totalmente o CO2 e outros gases tóxicos, limpando assim completamente o sangue venoso, nada mais do que isso; ao mesmo tempo, podemos também carregar os glóbulos vermelhos ao máximo possível com o O2 que o sangue pode dissolver, mas nunca será além dos limites…

Vivemos permanentemente aquém de nossas possibilidades respiratórias, o que condena os milhares de indivíduos celulares a viver permanentemente em um meio poluído, com pouco oxigênio e a maior parte do tempo, carregado de venenos destilados por um intestino preguiçoso.

Isso é um retrato triste da grande maioria de nós. É assim que o corpo se deteriora, fica doente, senil e morre muito antes da idade programada pelos genes. O contrário seria surpreendente. Sem falar do sedentarismo, da alimentação inadequada, do cigarro, álcool, drogas.

Mas como o remédio é simples, e pior ainda, gratuito, ninguém, ou quase ninguém, pensa nisso. É necessário, absolutamente necessário, cada vez que se pense e várias vezes por dia, esvaziar nossas esponjas pulmonares, para limpá-las e em seguida colocar o máximo de superfície pulmonar em contato com o ar novo inspirado: respirações lentas e profundas Esse é o segredo da respiração que regenera.

Baseado em texto de André Van Lysebeth, pioneiro do yoga no ocidente (1919-2004)