Por Renato Miranda
Na tentativa de continuar a explicar resumidamente a teoria Flow-feeling, ou fluidez, preconizada por Mihaly Csikszentmihalyi, nesta segunda parte, escreverei sobre algumas características e condições básicas para que o atleta flua em suas atividades.
Lembro também que toda pessoa em qualquer outra experiência também pode perfeitamente vivenciar o fluir, pois este é um estado mental comum ao ser humano.
Quando a pessoa flui, seus objetivos a serem atingidos são facilmente identificados, há uma clara percepção de que suas aptidões se adequam para enfrentar os desafios imediatos (retro informação imediata – feedback).
Além disso, a autoconsciência (relativa ao ego) desaparece, ou seja, não há preocupações daquilo que as pessoas possam avaliar sobre o comportamento dela mesma, há uma concentração intensa na tarefa, perda da noção do tempo, percepção de satisfação, controle absoluto das ações, a experiência tem forte traço autotélico (veja primeira parte deste texto), há alegria espontânea e a experiência vivenciada é intrinsecamente compensadora.
Não há algo que faça a pessoa fluir automaticamente, o fluir é antes de tudo uma consequência do envolvimento na tarefa. No entanto, algumas condições favorecem o fluir.
Tais condições, segundo Csikszentmihalyi, podem ser assim destacadas: relacionar a estrutura da atividade à habilidade da pessoa. Aqui vale observar a seguinte regra: atividades muito fáceis geram tédio, atividades de grande dificuldade geram ansiedade. O ponto ideal é quando a pessoa (atleta!) percebe que a execução da tarefa com sucesso é uma questão de tempo. Em outras palavras, mesmo que a mesma não consiga realizar integralmente a tarefa ela percebe claramente que, com seu esforço e habilidades chegará ao objetivo.
Acrescenta-se a essas condições: oferecer percepção de descoberta, impulsionar a pessoa para níveis elevados de desempenho e conduzi-la a estados de consciência jamais sonhados.
É fundamental observar sobre a teoria do Flow algo particularmente elementar, mas que Csikszentmihalyi, destaca especialmente, qual seja; o fluir tem uma característica dinâmica traduzida pela vontade de desenvolvimento e descoberta que todos nós temos.