por Roberto Goldkorn – Feminino Superior
No texto abaixo o autor fala dos princípios arquetípicos: o Feminino e o Masculino, que existem em ambos os sexos mas prevalecem cada um no seu gênero.
Recentemente uma notícia apareceu e apesar da sua importância não ganhou as manchetes: os cientistas descobriram que definitivamente havia provas suficientes de que a mulher e não o homem, foi a primeira criatura a ter vida biológica. Mas perguntarão alguns de vocês: qual é a importância disso? Elementar meus caros, isso contradiz a informação bíblica de que a mulher foi criada por Deus, a partir de uma costela do Homem primordial.
Mesmo para aqueles que viam nessa “informação” uma alegoria, apenas um dado simbólico, isso é relevante, pois nos coloca diante de vários desdobramentos extremamente importantes. O primeiro, é que a história bíblica, e porque não dizer das outras religiões, foi escrita apenas por homens, e a maioria deles misóginos, como Paulo (o apóstolo), ou seja homens que odiavam as mulheres, ou/e as desprezavam. Segundo, que essa história vinha servindo aos propósitos de uma longa “conspiração” masculina para massacrar a mulher, e colocá-la “no seu lugar”, já que o próprio Deus a fez de uma parte ínfima do corpo do homem, e apenas para fazer-lhe companhia já que ele estava “muito só.”
O estrago que essa historia mal contada e perversa fez ao longo desses dois mil e tantos anos, tanto no Ocidente cristão, quanto no Oriente muçulmano, foi incomensurável, e só as mulheres, podem medi-lo com a sua dor. Mas por que na maioria das culturas, mesmo as não contaminadas pelas lendas machistas das três maiores religiões ocidentais, a mulher recebe um tratamento inferiorizador? Simples, porque o princípio feminino é, e sempre foi superior ao princípio masculino! Tive esse insight, há muitos anos, quando estava preso, por conta da minha oposição à ditadura militar.
Sempre que podia aproveitava para conversar com os guardas que tomavam conta dos presos, isso não só aliviava a minha solidão, mas eu achava que tinha a obrigação de conscientizá-los sobre a barbárie que estava acontecendo ali, e o seu papel infame naquilo tudo. Uma vez o sargento viu que o guarda estava me ouvindo atentamente, e chegou berrando, ameaçando me colocar no pau-de-arara se tentasse “doutrinar” os seus homens. Aquele jovem soldado sumiu e, as poucas vezes que aparecia, ia logo ameaçando me bater ou me dar choques elétricos. Imaginei que era isso que os homens faziam a milênios com as mulheres, usavam a sua força física para intimidá-las, para colocá-las à margem, exilá-las de si mesma, para que elas não pudessem desenvolver a sua força, e assim mostrar a nós, qual o nosso lugar.
Entre os Vaishnavas, mais conhecidos como Hare Krishnas, cuja religião tem pelo menos cinco mil anos, diz-se que espíritos não têm sexo, mas Krishna para castigar alguns espíritos pecadores, os envia para a Terra, em corpos femininos… A História da Humanidade, com raras exceções, é a história do massacre sistemático das mulheres, massacre esse que tem a finalidade de convencê-las de sua inferioridade, de sua fraqueza, e de sua “maldade” essencial, fazendo até com que elas mesmas, contribuam para esse estado de coisas. Mas por que isso acontece com tanta “universalidade”?
O que está na raiz desse comportamento e dessa “cultura”? As razões são complexas mas podemos resumir em duas: a capacidade sexual da mulher, muito superior a do homem, e a sua natureza “materna” ou seja de portadora da vida (pode-se ter dúvida de quem é o pai, mas nunca de quem é a mãe). O contraste entre esses dois fabulosos poderes e a menor força muscular, criaram as bases para um processo de dominação masculina. Esse processo na verdade serviria para impedir que a mulher, como aconteceu em certas épocas da história humana (e apenas em certas latitudes), fosse o centro irradiador de cultura e poder.
Uma das provas mais contundentes desse medo masculino, e justamente o estupro. Não importa se a mulher é candidata a prêmio Nobel, se ela é candidata a beatificação, ou se é muito famosa e poderosa, o estupro está aí ,para mostrar a ela “qual o seu lugar”. Não importa que a mulher esteja se libertando, esteja ganhando mercado de trabalho, esteja ocupando as cadeiras das universidades, é justamente lá nas Universidades que o nível de estupros é maior e é nos EUA onde a mulher alcançou a sua maior liberdade e realização, que os estupradores são mais ativos em todo mundo.
O princípio feminino é por natureza, e não por viés cultural, mais receptivo, mas maleável, mais forte e resistente diante do meio ambiente, mais preservador e muito mais criativo (é dentro da usina feminina que se cria e se desenvolve a vida humana). Aí um de vocês pergunta? Mas se a mulher é tão boa assim, por que não existem tantas mulheres cientistas, ou presidentes da república, ou generais? Aí eu lhe devolvo a pergunta: se você tivesse passado milhares de anos sendo “ensinada delicadamente” que é inferior, que tem de obedecer, que deve conhecer o seu lugar (que é como piloto de fogão), que você só deve falar quando for perguntado, que há dúvidas se você tem ou não uma alma imortal, será que você chegaria a algum lugar no pódio?
Assim é a história da mulher no mundo, mas a fila anda, e a humanidade embora caminhe a passos de formiga e sem vontade, por fim caminha. É claro que o sofrimento da mulher cai como uma chuva democrática sobre todos, inclusive os homens , algozes e vítimas de si mesmos. Ao exilar a mulher do palco da vida, ele trás para si, uma carga que está longe de poder lidar, e se sente só, impotente (até sexualmente falando), e apavorado vai correr para as religiões, para a guerra ou para a auto destruição do princípio masculino. Um dia quando o homem perder o seu medo e largar a espada, a mulher vai finalmente se descontaminar desses milênios de cultura opressiva do macho, e vai poder dar a LUZ, a um novo ser Humano, que finalmente vai poder viver em paz , e alcançar a felicidade terrena..