por Edson Toledo
O transtorno bipolar de humor* é um transtorno psiquiátrico que se caracteriza pela alternância de humor, ou seja, ora ocorre episódio de * euforia (chamado de mania), ora de depressão, intercalados de períodos de normalidade. Sabe-se que com o passar dos anos os intervalos entre os episódios de mania e depressão ficam menores, embora não seja uma regra. Entretanto, existem casos em que o paciente pode apresentar um único episódio de mania ou depressão.
Frequentemente o paciente não se dá conta que tem esse transtorno, por isso a necessidade de que os familiares e amigos estejam informados e saibam reconhecer alguns dos sintomas para poderem encaminhá-lo para um profissional adequado para tratamento.
Como a pessoa com transtorno bipolar de humor pode apresentar grandes oscilações no seu estado de humor, fatalmente isso orá interferir em muito no seu trabalho, nas relações afetivas e familiares.
A proposta não é esgotar o tema neste texto mas, através deste breve questionário, trazer à luz conhecimentos sobre o transtorno.
Abaixo as principais dúvidas das pessoas em relação ao transtorno bipolar:
1 – Como se comporta uma pessoa com mania?
A fala é acelerada, muda de assunto sem conclui-lo; o pensamento também fica acelerado com muitas ideias invadindo a mente, interferindo na concentração da mesma, apresenta agitação motora, com muita inquietação, não conseguindo ficar parada e sentada.
2- O transtorno bipolar pode causar depressão e mania?
Verdadeiro. A maioria das pessoas que sofre de transtorno bipolar tem episódios de depressão e mania ao longo de suas vidas. Alguns podem ter mais crises de depressão, e outras, de mania. É possível que os sintomas sejam um pouco diferentes conforme cada pessoa.
3 – Você pode ter sintomas de depressão e mania ao mesmo tempo?
Verdadeiro. Isso se chama episódio misto. Durante um episódio misto, as pessoas podem se sentir agitadas, ter o pensamento acelerado e dificuldade de ficar quietas, como ocorre na mania; porém, sentem-se deprimidas, sem esperança e propensas ao suicídio, como na depressão. Os estados mistos também podem alternar rapidamente entre depressão e mania, cada um durando por horas apenas ou por poucos dias. Eles podem ser difíceis de se diagnosticar porque não parecem episódios típicos de depressão ou mania.
4 – São necessários medicamentos para controlar os sintomas do transtorno bipolar?
Verdadeiro. Embora muitas pessoas prefiram enfrentar os períodos de depressão e mania sem medicamentos, é evidente que o controle da doença e a prevenção de futuras recaídas dependem da administração efetiva de medicação. A maior parte das pessoas prefere não tomar medicamentos e, na verdade, apresenta muitos problemas para manter-se num esquema de medicação por longos períodos.
5 – Tudo o que você precisa para ficar bem é tomar a sua medicação todos os dias?
Falso. Infelizmente, mesmo quando as pessoas tomam a medicação corretamente, outros fatores como estresse, doenças ou mudanças de estações podem fazer com que os sintomas voltem. Quando os sintomas reaparecem, a maioria das pessoas são disfuncionais no emprego, com sua família e com seus amigos. A medicação auxilia a controlar os sintomas, mas não resolve os problemas no emprego ou em casa. Portanto, associar psicoterapia pode ajudar no reconhecimento de sintomas especiais e a habilidade para administrar a vida são necessários, preenchendo assim os espaços em que a medicação não resolve.
6 – Não existe nada que você possa fazer para parar a depressão ou a mania depois que iniciam?
Falso. Além de tomar a sua medicação, existem várias coisas que você pode fazer para controlar os sintomas de depressão e mania. Como já foi dito a psicoterapia poderá ensinar-lhe métodos para que possa mudar suas ações e pensamentos, de modo a controlar os sintomas depressivos e maníacos, como por exemplo, compreender a doença e a administrar sua vida a fim de reduzir as chances de recorrência.
7 – Perda de sono pode desencadear um episódio de mania?
Verdadeiro. A perda frequente de sono noturno coloca as pessoas em risco de se tornarem maníacas. As pessoas que têm transtorno bipolar tendem a ser mais noturnas que diurnas. Entretanto, ficar acordado mais tarde que o usual e dormir menos parece acelerar um episódio maníaco ou piorá-lo depois de iniciar a mania.
8 – Para lidar com o transtorno bipolar, você tem que desistir do que é emocionalmente na vida?
Falso. É uma concepção errada e comum que você tenha que viver uma vida calma e sem emoções, com restrições de atividades, trabalho e diversão, para controlar a doença. Raramente precisa ser assim. Todavia, conviver com o transtorno bipolar realmente significa praticar um pouco de moderação. Perceber quando os sintomas estão piorando, ajudam a entender quando diminuir o ritmo e quando pedir ajuda. Técnicas para manejo do estresse, tomada de decisões e estabelecimento de limites moderados, irão contribuir para que você leve uma vida feliz e produtiva, minimizando as intromissões causadas pela doença.
9 – Ter doença normalmente significa desistir dos objetivos profissionais?
Falso. Muitas pessoas brilhantes e bem-sucedidas têm transtorno bipolar. Elas descobriram como lidar com a doença e ainda como realizar seus objetivos. Certamente isso vai requerer muito trabalho de sua parte, muito mais do que só tomar a medicação todos os dias, assim se você estiver determinado a ter êxito, a doença não vai atrapalhar.
10 – Você pode lidar com a doença sozinho ou não precisa de ajuda?
Falso. Todos precisam de apoio, principalmente quando se luta com uma doença séria. O apoio pode vir da família, dos amigos, dos companheiros do trabalho, de grupos de autoajuda, de profissionais da área da saúde. O isolamento agrava os problemas. Você pode evitar o estresse resultante do contato social, mas também vai perder os benefícios de ter pessoas para conversar, para ajudar nas épocas de crise, para amar e o convencer do seu valor, e lhe dar razões para viver.
11 – Eu acho que não tenho transtorno bipolar. Os médicos estão errados?
Talvez. Ao ler este texto talvez você mesmo ou alguém próximo possa achar que tenha ou não transtorno bipolar. Contudo, às vezes é difícil fazer diagnósticos, especialmente se você é jovem ou se enfrentou problemas com abuso de drogas ou de álcool. Assim, se você se encaixa na descrição, mas não está pronto para lidar com o problema, procure um profissional da área de saúde mental (psiquiatra, psicólogo) que poderá auxiliá-lo a trabalhar na aceitação desse difícil diagnóstico.
*para saber mais consulte Basco (2009).