por Ana Maria Costa
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é caracterizado por ansiedade excessiva onde as preocupações são claramente desproporcionais acerca de vários temas.
Síntomas físicos
Os sintomas físicos mais comuns são:
– mãos frias (úmidas);
– tensão e dores musculares;
– cansaço;
– boca seca;
– suor excessivo;
– náusea e diarreia;
– frequência urinária;
– dificuldade para engolir ou “nó na garganta”.
Sintomas comportamentais e psíquicos
– inquietação;
nervosismo;
irritabilidade;
brancos (falha de memória);
falta de concentração.
Relato
R. H. esteve em meu consultório encaminhada pela psicóloga da empresa onde trabalha por apresentar sintomas físicos que estavam atrapalhando seu desempenho no trabalho.
Ao conversarmos sobre sua vida, pude observar que para todo comentário existia uma condição que a paciente necessitava relatar. R.H. refere que desempenha bem a função para qual foi promovida, mas estaria melhor se tivesse mais experiência.
Na vida familiar comenta que tem alguma dificuldade com a mãe, mas isso só vai piorar porque ainda mora com os pais. Morar sozinha é um desejo dela, mas somente se estivesse no emprego onde pudesse confiar mais na empresa.
Na sua vida afetiva relata que tem um namorado, mas embora estejam juntos há mais de 3 anos não fica tranquila. Seus projetos de vida como carreira e ser mãe estão parados porque ela pensa o tempo todo como poderia realizá-los. Teme que o seu emprego não seja duradouro e que seu namoro não resulte em casamento.
Essas e outras preocupações a perseguem durante o dia todo e até no momento em que vai dormir. Quando fiz um levantamento dos sintomas físicos como: se percebe tremores pelo corpo, se as mãos ficam frias, dores nas costas e boca seca; R.H. confirma esses sintomas e apresenta também lapsos de memória (brancos) e, por vezes, não sabe o que estava fazendo (falta de concentração).
Durante toda a nossa conversa manteve as penas inquietas e mencionava que estava preocupada com o trânsito que iria enfrentar, com o seu trabalho, pois não tinha certeza que seus subordinados trabalhariam bem sem a sua presença.
Mediante o perceptível funcionamento ansioso da paciente, onde suas preocupações são excessivas, propus a R.H. que listasse suas preocupações atuais.
Para sua surpresa a lista de preocupações era imensa. Passamos a analisar alguns dos problemas listados.
Através de técnicas psicoterapêuticas a paciente foi levada a resolver, apenas na imaginação, algumas de suas preocupações. Ao se aprofundar nos seus temores frente a fatos que ainda não haviam ocorrido, mas que lhe causavam forte ansiedade, percebeu que além de encontrar solução, muito dos problemas provavelmente nem aconteceriam.
R.H. vislumbrou o pior cenário para a sua vida sem ter dados que pudessem justificar isso. Embora a paciente tenha percebido que sua ansiedade era antecipatória e excessiva manifestou que não entendia como poderia fazer diferente.
O que R.H. estava falando é que mesmo utilizando-se da lógica para analisar suas preocupações outras surgiam. Para o paciente com TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada é preciso constantes exercícios de resolução de problemas, propiciar o levantamento das emoções envolvidas, checar a visão que o paciente tem sobre si frente à vida, que tipo de mundo acredita que está vivendo e que futuro o aguarda.
O processo terapêutico foi iniciado levando em consideração os aspectos importantes a serem discutidos com a paciente para que ela perceba a necessidade de um aprofundamento sobre suas questões pessoais.
Convêm salientar que o diagnóstico para TAG é muito mais frequente do que se imagina. Infelizmente, muitos profissionais da saúde não o detectam, deixando de encaminhar seus pacientes para uma ajuda psicológica e se necessária uma ajuda psiquiátrica com o uso de medicamentos.